domingo, 30 de setembro de 2012

A mulher que escreveu a bíblia

O gaúcho Moacyr Scliar (1937/2011), ao contrário de Michel Laub, cujo Diário da Queda comentamos já, foi um escritores de origem judaica que respeitou a tradição cultural de seu povo e fez disso o caldo principal de sua criação em mais de 70 livros em vários gêneros. De seus livros, gosto particularmente dos primeiros: Guerra no Bom Fim e O exército de um homem só, cuja temática, até então, era original. Com o passar do tempo, passou a se tornar repetitivo, ainda que sua prosa seja sempre agradável de se ler. A mulher que escreveu a bíblia, escrito em 1999, apresenta uma línguagem simples, com gírias ultrapassadas e uma trama ingênua que beira o simplório. Mas tem o mérito do humor, que o autor muito cultivou em sua obra.
A história começa no presente, quando um professor de História começa a ganhar notoriedade ao descobrir as extraordinárias possibilidades financeiras como terapeuta de vidas passadas. Seu método baseava-se no conhecimento que acumulara como professor de História. Seus pacientes voltavam ao passado. Enquanto tinham suas visões, o terapeuta ia explicando-lhes os lugares onde estavam, as personagens históricas presentes nas visões, quem eram os cortesãos de determinado rei. Em suma, fazia o papel de guia, conduzindo as pessoas pelos labirintos do tempo. Com a fama, teve de arrumar um lugar maior e mais confortável no centro da cidade. Um dia apareceu uma mulher que regredia no tempo até chegar ao palácio do rei Salomão. Lá, ela era uma de suas esposas e era apaixonada por ele. Só que essa paixão não era correspondida. O terapeuta descobriu, durante as sessões, que na verdade a paciente estava apaixonada por ele, o terapeuta. No começo tentou disfarçar, depois tornaram-se amantes, até que ela o abandonou por outro homem, deixando-lhe, de lembrança um relato: A mulher que escreveu a bíblia. A partir daí, começa a fábula propriamente dita, que se desenrola até o final do livro, tomando cerca de 150 páginas. Detalhe: a paciente do professor de História quanto à Mulher que escreveu a bíblia tinham duas característica comuns: ambas eram feias, mas sabiam ler e escrever.

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Moacyr Scliar. A mulher que escreveu a bíblia. SP, Cia. De Bolso, 2007, 168 pp. R$ 21,00
A Folha de São Paulo circulou nas bancas pelo preço de R$ 18,70

domingo, 23 de setembro de 2012

A literatura dramática de Samuel Beckett

Uma peça de teatro, quando lida ou mesmo recitada, é literatura. Na literatura, é a palavra que constitui a personagem. Quando representada, passa a ser teatro. Se na literatura a palavra é fonte da personagem, no teatro é fonte da palavra, graças à interpretação do ator em personagem fictícia, de acordo com a presença viva do homem no palco, visando comunicar-se ao vivo com seu público. A literatura dramática é muito menos lida que as obras narrativas. Publicam-se muito poucos textos dramáticos. É pena. Ler uma peça de teatro é uma delícia! O tempo de leitura não excede muito o tempo que a peça teria, se montada. Recentemente li três textos fundamentais de Samuel Beckett: num, dois vagabundos maltrapilhos à sombra de uma árvore esquálida, sozinhos no meio do nada; noutro, um cego paralítico e seu criado coxo confinados num interior austero e cinzento; e noutro, uma mulher vaidosa na meia-idade, enterrada até a cintura numa colina seca, sob um sol escaldante.

Escrita em francês em 1949, no pós-guerra de Paris, Esperando Godot foi feita para ser encenada por quatro atores e um menino num palco quase vazio, não fosse por uma árvore quase seca e uma lua ocasional. Dois vagabundos, Vladimir e Estragon, perdidos em meio à paisagem deserta, querendo partir, mas presos a um compromisso tão impreciso quanto inarredável, a espera por Godot. Para matar o tempo, os dois decidem praticar uma conversação, ou representando a peça dentro da peça, com as presenças de Lucky e Pozzo. Realiza-se uma pantomima. Em determinado momento, Lucky entra em cena puxando Pozzo por uma corda. Pozzo carrega uma maleta de que não se desfaz nunca. Se o elemento essencial do texto teatral é a ação, o que se passa aqui é a ineficácia da ação, optando pela apatia melancólica como estratégia de sobrevivência, da espera infinita, da esperança vã sem objetivo definido. A peça de Beckett por isso é inovadora, obrigando a redefinir o que se entende por drama.

As personagens de Fim de partida estão às voltas com a tarefa de acabar de existir, em um cenário que é um abrigo feio e quase sem luz, em que seus quatro habitantes, Hamm, Clov, Nagg e Nell, vivem como se fossem os últimos sobreviventes de uma humanidade destruída. A proximidade enganosa do fim está não apenas na escassez de meios (tudo no abrigo está acabando: remédios, provisões, bicicletas), mas também na decrepitude física dos personagens: um cego paralítico, um coxo, dois mutilados presos a latas de lixo, e na rotina vazia que custa a preencher o tempo de espera, completamente desprovido de esperança. O girar falso do relógio sintetiza o tédio a que são submetidos os personagens, apegando-se a rituais e hábitos cuja única finalidade é matar o tempo. A relação entre o par central, Hamm e Clov, é a de opressor e oprimido. Para evidenciar o jogo que se estabelece entre eles, Beckett opta por padrões quase geométricos: aos cinco risos de Hamm na abertura da peça, correspondem cinco bocejos de Clov; se Hamm tem a cadeira de rodas, Clov tem a escada; enquanto Hamm se esconde atrás dos óculos, Clov espia sua vista através da luneta; ao apito que Hamm emprega para chamá-lo, Clov responde com o despertador. Hamm submete Nagg e Nell, seus pais, a viver dentro de latões de lixo, impingindo-lhes rotinas sádicas, com o fim de provocar-lhes dor e humilhação.

Composta em 1961, Dias Felizes retrata Winnie no primeiro ato enterrada até a cintura e no segundo ato até o pescoço, exercitando um monólogo, já que seu marido, presente em cena de forma discreta, é apenas seu ouvinte. A solidão é o tema da peça. Winnie está enterrada sob um céu escaldante, tendo consigo uma sombrinha para protegê-la sem sucesso do sol e uma bolsa onde traz seus objetos de higiene pessoal. A parte visível de Winnie mostra uma mulher bem vestida, maquilada e enfeitada, que faz sua toalete diária como se fosse algo comum diante dessa situação inusitada. A fala de Winnie mostra o contraste irônico entre o que se passa na realidade e o que ela diz. Implorando respostas do marido que não vêm, está só e abandonada, procurando preencher sua solidão com gestos de tirar e usar objetos de sua bolsa, e com palavras para distrair o silêncio. O texto nos faz pensar: seria Winnie otimista, já que ela começa sua fala dizendo, “mais um dia celestial! Jesus Cristo amém.”? Ao finalizar seu monólogo, ela diz: “Ah, que dia feliz, este terá sido mais um dia feliz!” Acho que Beckett não escolheria o caminho mais fácil para Winnie. Os personagens de Beckett estão presos numa armadilha, de um tipo ou de outro. Em Dias Felizes, o que cabe a Winnie é uma colina de terra crestada. Ela encarna os despojos de uma vida enterrada numa cova prematura. Enterrada na terra, comida por formigas, castigada pelo sol, pela falta de memória e pela indiferença do marido, se manteria ainda otimista?
Em Beckett, a dignidade do ser humano é desmascarada, revelando-lhe suas condições precárias. O guarda-chuva de Winnie, cuidadosamente elaborado para protegê-la do calor, incendeia-se pelo sol. Os vagabundos de Esperando Godot são andarilhos forçados, incapazes de comunicar-se com o restante da humanidade, são contemporâneos da ficção e drama desses anos de pós-segunda guerra mundial. O velhos de Fim de partida poderiam partir, mas preferem se manter presos. Portadores dos despojos da civilização, convertidos em trastes, passam e repassam sua existência vazia de significados. O efeito disso tudo é avassalador, cômico e inquietante a um só tempo.

Muito do que que digo aqui, referente ao “viés filosófico” da dramaturgia de Beckett, vem dos textos introdutórios de Fábio de Souza Andrade (Tradutor das três peças que li).
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Samuel Beckett. Esperando Godot. SP, Cosac Naify, 2005. 244 pp. R$ 69,00
Fim de partida. SP, Cosac Naify, 2010, 160 pp. R$ 59,00
Dias felizes. SP, Cosac Naify, 2010, 136 pp. R$ 59,00

domingo, 16 de setembro de 2012

Diário da queda

O escritor e jornalista gaúcho Michel Laub(1973)ganhou notoriedade como crítico literário da Revista Bravo há tempos atrás. Diário da queda, seu quinto romance, mescla a técnica narrativa entre ficção e memória. Esse procedimento é a tônica da maioria das narrativas lançadas atualmente. Michel Laub é judeu. Decidiu contar, com alguma crítica aos costumes judaicos, a vida de um personagem desde sua adolescência, quando estudava em um colégio judeu tradicional em Porto Alegre (o leitor deve saber o nome), até a reviravolta que o leva a se afastar da educação e dos costumes judaicos na vida adulta, quando se torna escritor.
Aos treze anos, morou numa casa com piscina. Nas férias de julho foi para a Disneylândia. Tinha um videocassete, uma estante cheia de livros e discos, uma guitarra, um skate, um soco-inglês e um canivete. Até então nunca tinha tido uma namorada. Aos treze anos fez o Bar Mitzvah. A tal escola judaica tinha, entre seus pares, um gói (não-judeu. O termo é também usado pejorativamente)que estudava com bolsa. Apesar do narrador nos dizer que nunca se lembrara de casos de discriminação de judeus em Porto Alegre, um fato marcante protagonizado por ele revela que os estudantes judeus discriminavam pessoas que não são da religião judaica. Durante a festividade de bar mitzvah, o grupo joga o pobre bolsista para cima, para ampará-lo numa cama de gato. Numa dessas, o personagem-narrador retira a mão e o jovem estatela-se no chão, sofrendo consequência graves que o faz usar colete ortopédico por muito tempo.
O narrador, então, passa a ter afeto pelo colega e tornam-se amigos. Não sabe dizer por que se tornara amigo da vítima. Isso não teria acontecido por pena de alguém, ou porque passara meses torturado com a hipótese de quase ter destruído aquela pessoa, embora isso possa ter sido o impulso no primeiro esforço de aproximação. Não fosse isso, não teria se oferecido para ajudá-lo com os estudos. Dessa reflexão fazem parte também as trajetórias de seu pai, com quem o protagonista tem uma relação difícil, e de seu avô, sobrevivente de Auschwitz que passou anos escrevendo um diário secreto e bizarro. São três gerações, cuja história parece ser uma só; são lembranças que se juntam de maneira fragmentada, como numa lista em que os fatos carregam em si tanto inocência quanto brutalidade. O narrador chega a questionar qual a diferença do massacre de judeus em Auschwitz com o massacre do colega em sua festa de aniversário. Michel Laub faz parte dos escritores de origem judaica que lutam contra ela. O autor interpreta a tradição no que tem de petrificado, pondo sua experiência de vida em questão, explorando a dimensão ética e política da memória.
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Michel Laub. Diário da queda. SP, Cia. das Letras, 2011, 152 pp. R$ 38,50

domingo, 9 de setembro de 2012

Bel-ami

Guy de Maupassant (1850/1893) foi um escritor e poeta francês. Teve vida boêmia, contraiu sífilis e acabou internado como louco num manicômio, onde veio a falecer. Foi amigo de Gustave Flaubert (Madame Bovary), que o incentivou a escrever. Sua produção de peso foi a narrativa curta, mas enveredou também pelo caminho do romance. Bel-ami é um desses.
Em Bel-ami, George Duroy é um jovem belo, charmoso e fogoso. Bigodes e olhos azuis. De origem humilde, vive na Paris da belle époque do final do século XIX. Nesse período, a França lançava sua rede na África para conquistar colônias. Duroy é pobre, ganha um salário miserável para suas pretensões, mas graças a um amigo que havia lutado com ele na Argélia, consegue um emprego em um jornal. Como era medíocre na escrita, obtém ajuda da mulher desse amigo, para se firmar como jornalista. A partir de então, pensa em conquistar um lugar na aristocracia parisiense. Incentivado por essa mulher, é introduzido na sociedade aristocrática e passa a seduzir mulheres casadas. Desde então, planeja ludibriá-las astuciosamente para conseguir fama e reconhecimento, desrespeitando qualquer forma de sentimento. Maupassant conduz, assim, seu personagem, por uma trilha de blefes, chantagens, encontros amorosos às escondidas. Enquanto Duroy vai desvendando, com a ajuda de suas amantes, as trapaças do jornalismo e as ligações que seu novo ofício estabelecia com as altas esferas de poder, o leitor assiste à pintura impiedosa de uma outra Paris, oculta sob o glamour dos salões, onde o tráfico de influências impera e envolve imprensa, política e poder financeiro.
O filme Bel-ami, passado recentemente nos cinema, foi baseado no romance homônimo de Maupassant, mas com uma leitura equivocada do personagem Duroy. No filme, nosso anti-herói é um personagem romântico inseguro e com complexo de inferioridade, por ser pobre (e não tem bigote e tem o nariz torto). Sendo assim, busca vingar-se dos poderosos, seduzindo-lhes as esposas para galgar fama e dinheiro. O ambiente faustoso da belle époque do livro desaparece no filme, bastante pobre, aliás, em cenários, figurinos e tomadas externas. Acontece que Bel-ami é um romance realista e na trama escrita Duroy é um personagem de uma ignóbil ingenuidade, tão cretino quanto os demais. Um dândi inconsequente. Maupassant teve influência de Schopenhauer, filósofo alemão que viveu a mesma época de Maupassant. A visão de Schopenhauer sobre o amor é de que este pode ser meta de vida, mas não de felicidade. Daí o pessimismo nas relações humanas. O foco da vontade de Duroy é o impulso sexual. A encarnação do erotismo que enleia sobretudo mulheres e não conhece escrúpulos. Bel-ami não se trata de uma obra prima, mas sua história, ainda que superficial, é bem tramada e prazerosa de ler.

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Guy de Maupassant. Bel-Ami. SP, Estação Liberdade, 2010, 368 pp. R$ 51,00

domingo, 2 de setembro de 2012

Lavoura arcaica

Você deve conhecer o conceito de novela. Há quem diga tratar-se de um gênero intermediário entre o conto e o romance, tomando como base a extensão da narrativa. A novela seria uma narrativa curta: 60, 80, 100 páginas. O assunto gira em torno de um único protagonista que carrega o argumento da trama do começo ao fim. Noite, de Érico Veríssimo, é novela; Os Ratos, de Dyonélio Machado, também. Na verdade, o termo novela é mais ou menos recente no estudo da literatura brasileira. Os norte-americanos usam o termo novela para qualquer narrativa, independentemente da densidade do argumento. Os espanhóis também. Novela, ou romance, tanto faz, não comete pecado quem classificar uma novela de romance.
Há duas novelas que são duas obras-primas da literatura brasileira, graças à extraordinária qualidade de sua linguagem e força poética da sua prosa, ambas escritas na década de 70 por Raduan Nassar. São elas, Lavoura arcaica e Um copo de cólera. São duas narrativas curtas. A trama das duas histórias é centrada num narrador-personagem, com suas crises existenciais. Em Lavoura arcaica temos André, o narrador-personagem, adolescente, não se enquadra nos padrões da vida rural do interior, cuja autoridade paterna rigorosa, através de sermões, o atormentava. Ana, sua irmã adolescente, desperta nele os primeiros impulsos sexuais, e isso o atormenta também. Ele resolve abandonar a família e viver sozinho, até que seu irmão mais velho, imbuído dos mesmos princípios paternos, vem buscá-lo para que se reintegre à família, satisfazendo, assim, a vontade do pai. Uma série de lembranças importantes, algumas marcantes, outras tristes, vêm à tona durante a conversa que André tem com seu irmão. O recado que o irmão traz de seu pai, é que o homem, quanto mais se protege, criando uma casca, mais se tortura com o peso da carapaça, pensa que está em segurança, mas o que sente é medo, escondendo-se dos outros sem saber que atrofiam os próprios olhos. Torna-se prisioneiro de si mesmo. Traz na mão a chave, mas esquece de abrir o peito, afligindo-se com problemas pessoais sem chegar à cura. O recado do pai também diz que o homem não deve se tornar individualista, mas fazer parte de uma unidade maior, que é a família. André, até então incapaz de partilhar da vida em família, sentindo-se distante e alheio ao pequeno mundo moralista de seu pai, não suportando-lhe os sermões, o abecedário judaíco-cristão repetido à exaustão junto à mesa, a pacata e macilenta convivência com os familiares, além de demonstrar uma clara incapacidade de crer e obedecer guiado apenas pela fé cega de que parecem partilhar o pai e o irmão mais velho, decide voltar para ter um diálogo definitivo com seu pai, diálogo que ocupa a segunda parte da história. Diferentes visões de fé, moral e costumes são confrontadas. O pai consegue ouvi-lo no que tem a dizer. Fazem, os dois, uma purgação do que é estranho à essência ou à natureza de cada um.
Um copo de cólera também apresenta um confronto existencial entre dois amantes. Ele, um homem bem sucedido na vida, dirige-se a seu sítio para ter um encontro amoroso com a mulher. O que acontece nesse encontro, depois um sexo brutalizado, é que ele ouve dela duras críticas sobre sua arrogância, prepotência, frieza de caráter, ausência de sentimentos. Esses ataques provocam cólera num e noutro, até chegar ao limite dele bater na mulher. Tanto Lavoura arcaica como Um copo de cólera foram vertidos para o cinema. Lavoura arcaica resultou num filme com quase quatro horas de duração, mantendo uma densidade dramática que prende o interesse até o final. Um copo de cólera resultou num filme pobre, parte devido ao parco orçamento que Júlia Lemmertz e Alexandre Borges tiveram para produzi-lo. Alguns atores (Marieta Severo foi uma) trabalharam afetivamente (de graça). Como o diálogo dos dois é muito denso, pesado, o filme não conseguiu captar a linguagem cinematográfica adequada às cenas, tornando-o parado e chato.
Raduan Nassar, filho de libaneses, nasceu em Pindorama, São Paulo, em 1935. Sempre foi apaixonado por bichos domésticos. Quando adulto, iniciou-se no curso de Direito e de Letras. Desistiu do segundo. Dois anos depois, começa Filosofia, que acaba largando. Não chega a concluir o curso de Direito. Viaja ao exterior. Na volta, reinicia o curso de Filosofia. Vai para a Alemanha, estudar o idioma. Nesse período, instala-se a ditadura militar no Brasil. Nassar decide voltar ao Brasil, para dedicar-se à literatura. Sua primeira obra, Lavoura arcaica, foi publicada por iniciativa de um irmão seu, que tirou cópia da novela, que acabou sendo publicada pela editora José Olympio em 1975, fazendo grande sucesso.
Por razões não suficientemente esclarecidas, Raduan Nassar, depois de conhecer o sucesso, inclusive internacional, dessas duas histórias, não produziu mais literatura. Um livro de contos que circula no mercado é uma compilação de contos que ele escreveu durante esse período da década de 70. O sucesso parece ter excedido em muito aquilo que o escritor esperava de si, e, ultrapassado pela própria obra, ele tomou a decisão de recuar. Voltou-se ao cuidado dos animais, embora tenha se mantido ativo, participando de palestras e entrevistas sobre sua criação literária.
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Raduan Nassar. Lavoura arcaica. SP, Cia. das Letras, 3ª ed., 1989, 200 pp. R$ 39,50
Um copo de cólera. SP, Cia. das Letras, 5ª ed., 2001, 88 pp. R$ 29,00

A Folha de São Paulo lançou nas bancas sua edição de Um copo de cólera, a R$ 18,70