Luiz Sérgio Metz nasceu em Santo Ângelo, RS, em 1952 e
faleceu prematuramente em Porto Alegre, em 1996. Militante político desde
jovem, era jornalista, trabalhou na Secretaria Municipal de Cultura, em Porto
Alegre e atuou efetivamente no mundo do nativismo. Passou a infância e a adolescência
na região das Missões sul-riograndenses, terra marcada pela vida guarani, antes
e depois dos jesuítas, por lutas de fronteira e grandes fazendas de gado, pelo
plantio do soja na década de 60, que encolheu a economia das fazendas, forjando
o gaúcho a pé, o peão sem emprego e sem cavalo, forçado a migrar para os
centros urbanos sem especialização técnica para o trabalho na indústria; terra
vizinha ao famoso rio Uruguai, donde na outra parte encontra-se o território
argentino. É desse ambiente que brotam os seres e o universo dos contos de O primeiro e o segundo homem, o leitor
irá encontrar histórias, a maioria delas trágicas, contadas em tom poético, do
nascimento de Sepé Tiaraju, considerado santo popular, gerado de uma índia com
o espírito santo; o êxodo de uma família de agricultores que se desfizeram do
pouco que tinham para tentar a vida em Porto Alegre; lembranças do jogo de
bolitas; um roubo de carga de soja e o emprego de tratorista foi o pretexto
para um homem ser morto por vingança, para que o cargo de tratorista fosse dado
a outro; o duelo de facão que resulta na morte de dois homens numa noite de lua
cheia; um catador de lixo judia de uma cadela prenha o assunto acaba em morte;
a morte de um taipeiro com o rosto deformado pelo ofício de foguista
assemelha-se à caça de um tatu; a paixão de um menino pequeno pelo canto dos
pássaros que inventava;
Luiz Sérgio publicou ainda a biografia de Aureliano de
Figueiredo Pinto, o relato de uma viagem que fez a cavalo com três amigos por
terras rio-grandenses em Terra Adentro e a novela considerada sua obra-prima: Assim
na Terra.
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Luiz Sérgio Metz. O
primeiro e o segundo homem. Porto Alegre, Artes e Ofícios, 2001, 112 pp, R$
26,00