Em Viagem aos mares
do sul, José Carlos Queiroga nos apresenta a mesma Nova Hereford que descrevera em Tratado ontológico acerca
das bolas do boi, romance árido e por vezes cansativo, devido às muitas
digressões e citações acerca do pampa e da formação da propriedade privada que
levou ao movimento dos sem-terras dos dias de hoje. Viagem aos mares do sul é
romance curto. Suas 168 páginas podem ser lidas numa tarde, se você for leitor
contumaz.
Nova Hereford é uma cidade imaginária que se supõe ser Alegrete, terra natal do escritor. Trata-se de uma cidade rural decadente dos exilados das faculdades de Porto Alegre. Os filhos dos proprietários de hoje em dia não se interessam mais em levar adiante os negócios agropecuários da família e fogem para a cidade grande. Em Nova Hereford, ao lado de alguns grandes estancieiros, existem as vilas pobres dos trabalhadores rurais desempregados. Os gaúchos depois do gaúcho a pé, conforme diz o crítico literário Marcelo Backes, ao analisar a obra de Queiroga. Lá, todo mundo se conhece. Sirley, nosso protagonista, é um guri bundudo e balofo, com jeito de abobado. Segundo o povo do lugar, um vagabundo que não se forma nunca! O pai de Sirley é um homem grosso e machista. Tratou as mulheres com quem viveu como bichos. O filho teve o azar de herdar as características sensíveis da mãe e sofre com o silêncio que nunca se rompe na comunicação com o pai. Não queria seguir Agronomia em Porto Alegre, mas segue estudando como forma de buscar uma possível aproximação com o pai. Tem uma namorada na cidade, mas ela parece estar interessada em outro rapaz que mora ali. Um dia vai com a namorada e a mãe dela, entrosada em uma entidade filantrópica, visitar os bairros distantes, onde reina a miséria. Sirley chega a comover-se com isso, mas sua vida desinteressante não lhe permite formar opinião a respeito. É um perdido que não consegue vislumbrar uma saída para sua vida.
Viagem aos mares do sul foi publicada pela saudosa editora Mercado Aberto, faliu lá pela década de 90. A obra encontra-se esgotada, mas você consegue um exemplar novo no Balaio Digital por cerca de 10 reais. Vale a pena a leitura.
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José Carlos Queiroga. Viagem
aos mares do sul. Poa, Mercado Aberto, 1999, 168 pp.
Nova Hereford é uma cidade imaginária que se supõe ser Alegrete, terra natal do escritor. Trata-se de uma cidade rural decadente dos exilados das faculdades de Porto Alegre. Os filhos dos proprietários de hoje em dia não se interessam mais em levar adiante os negócios agropecuários da família e fogem para a cidade grande. Em Nova Hereford, ao lado de alguns grandes estancieiros, existem as vilas pobres dos trabalhadores rurais desempregados. Os gaúchos depois do gaúcho a pé, conforme diz o crítico literário Marcelo Backes, ao analisar a obra de Queiroga. Lá, todo mundo se conhece. Sirley, nosso protagonista, é um guri bundudo e balofo, com jeito de abobado. Segundo o povo do lugar, um vagabundo que não se forma nunca! O pai de Sirley é um homem grosso e machista. Tratou as mulheres com quem viveu como bichos. O filho teve o azar de herdar as características sensíveis da mãe e sofre com o silêncio que nunca se rompe na comunicação com o pai. Não queria seguir Agronomia em Porto Alegre, mas segue estudando como forma de buscar uma possível aproximação com o pai. Tem uma namorada na cidade, mas ela parece estar interessada em outro rapaz que mora ali. Um dia vai com a namorada e a mãe dela, entrosada em uma entidade filantrópica, visitar os bairros distantes, onde reina a miséria. Sirley chega a comover-se com isso, mas sua vida desinteressante não lhe permite formar opinião a respeito. É um perdido que não consegue vislumbrar uma saída para sua vida.
Viagem aos mares do sul foi publicada pela saudosa editora Mercado Aberto, faliu lá pela década de 90. A obra encontra-se esgotada, mas você consegue um exemplar novo no Balaio Digital por cerca de 10 reais. Vale a pena a leitura.
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