A Ilha de Itaparica continua presente em O
sorriso do lagarto de João Ubaldo Ribeiro. Lá estão políticos corruptos,
cientistas inescrupulosos, fazendeiros desonestos, um assassino profissional,
um médico humanitário e um solteirão um tanto reservado que abdicou de sua
vida de biólogo, para virar pescador e viver de uma peixaria na cidade. João
Pedroso, esse pescador, é bastante chegado numa cachaça e em conversar com
pescadores e moradores nos bares e calçadas da cidade.
Ana Clara, mulher bela, casada com Ângelo Marcos, o político corrupto, resolve agitar sua vida monótona de dondoca, arranjando um amante. Esse amante é João Pedroso. O que, a princípio, parece ser apenas um caso de amor passageiro, acaba tornando-se num caso complicado no decorrer da narrativa, com um final trágico. Aliado a isso, surge uma ameaça ao meio-ambiente com o surgimento de criaturas esquisitas, quase desumanas, questionando a evolução humana. Uma negra que incorpora uma cigana relatara ao Pajé, um pai de santo do local, que ao chegar em uma casa para pedir um pouco de água, encontrou três seres nunca vistos, três seres como crianças, mas que não eram gente. Indagando sobre essas crianças, a mulher informou-lhe que um era filho dela e os outros dois de uma vizinha. Por serem diferentes, escondiam as crianças dos olhares externos. Aí começa uma reviravolta, muito bem amarrada pelo autor, envolvendo a ética na ciência, através do controle pelos que detêm o poder.
O sorriso do lagarto está aquém dos excelentes Sargento
Getúlio, Viva o povo brasileiro, A casa dos budas ditosos e o Albatroz azul,
todos já resenhados neste blog. Algumas situações, como o surgimentos desses
seres fantásticos, soando estranho ao corpo
da narrativa. Fora isso, não decepciona, pois João Ubaldo Ribeiro é bamba ao
contar uma história.
paulinhopoa2003@yahoo.com.br
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João Ubaldo Ribeiro. O
sorriso do lagarto. 3ª ed, Rio, Objetiva, 2009, 344 pp, 63,90
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