Os
nativos da Nigéria, até o momento da colonização inglesa, contavam histórias
para ensinar a eles que não importa quão forte ou grande seja um homem, jamais
deve desafiar o seu chi, o deus de cada pessoa, que é só dela, responsável por sua
identidade e destino.
A
partir do momento da entrada do homem branco em suas terras, os povos de Okperi
e Umuaro passaram a ser grandes
inimigos. Uma grande guerra selvagem se desatou entre eles, por um pedaço de
terra. A inimizade se agravara porque Okperi aceitava missionários e gente do
governo, ao passo que Umuaro permanecia atrasada.
Para
muitas nações coloniais, a administração nativa significava o governo pelo
homem branco. Não era assim que os britânicos pensavam em relação à Nigéria.
Eles acreditavam em um governo indireto, baseado em instituições nativas,
moldando o modo de pensar do negro africano de acordo com seus interesses. Os colonizadores escolhiam o chefe nativo a
comandar uma comunidade e forneciam a ele suportes da cultura ocidental para
poderem governar. Isso quer dizer que esses chefes eram "comprados"
com dinheiro, prestígio e bem-estar, para executar a forma de administrar do
branco.
Ezeulu,
sacerdote de Umuaro, conseguiu compreender o jogo do homem branco: desmanchar
seus costumes. Os brancos, sabendo da existência de Ezeulu e de sua influência
entre os nativos, mandam chamá-lo para torná-lo um chefe entre os seus, mas
Ezeulu não aceita, pois quer proteger sua aldeia. Entretanto, está num dilema,
pois proteger seu povo significa isolá-lo do progresso oriundo da colonização. Com isso, passa a enfrentar ameaças que o
colonizador lhe traz, como também dos próprios habitantes de Umuaro, que passam
a duvidar até mesmo de seus rituais e
crenças mais antigas.
Chinua Achebe nasceu em Ogidi, Nigéria, em
1930. É um dos mais respeitados escritores africanos da atualidade. Atuou na
diplomacia durante os conflitos entre o governo da Nigéria e o povo ibo, no
final da década de 1960. Ganhou o Prêmio da Paz oferecido pela Feira de
Frankfurt, na Alemanha, em 2002. Em 2007, recebeu o Man Booker International,
um dos mais importantes prêmios das literaturas de língua inglesa.
Tradução de Vera Queiroz da Costa e Silva
pauinhopoa2003@yahoo.com.br
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Chinua
Achebe. A flecha de Deus. SP, Cia. das Letras, 2011, 342 pp, R$35,00
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