Três novelas femininas, de Stephan Zweig apresentam uma
trama muito bem amarrada, com um suspense crescente até o final. As
protagonistas de cada uma das histórias cedem o direito de ser feliz, por causa
do medo e covardia. Na primeira novela, Medo, Irene, casada com um homem
importante de Viena, ao sair da casa de um jovem pianista, seu amante, é
abordada por uma mulher que se diz namorada do rapaz e lhe faz ameaças.
Apavorada, Irene lhe oferece dinheiro e foge para casa. Dias depois, é abordada
pela mesma mulher na rua, que lhe pede uma quantia considerada para manter-se
calada.Depois, a mulher manda-lhe um bilhete pedindo mais dinheiro. Irene, acuada, cede. Por fim, a mulher invade sua casa e lhe toma um anel
caríssimo. O marido lhe pergunta do anel e Irene inventa uma desculpa. Precisa
de dinheiro para resgatar a joia, mas já não tem como consegui-lo. O final da
história pega o leitor de surpresa.
Na segunda história, Carta
de uma desconhecida, um escritor famoso recebe uma carta aparentemente anônima,
de uma mulher que lhe narra acontecimentos envolvendo os dois desde a
adolescência dela, sem que o escritor consiga lembrar-se de quem se trata, até
o final da carta. A mulher decide lhe escrever, contando de sua paixão por ele
desde jovem, dos encontros fortuitos durante a mocidade, até a aventura
amorosa que originou-lhes o filho que ele desconhecia até então. A covardia
dela reside no fato de nunca ter sido notada e nunca ter tomado uma atitude
para lutar pelo amor do escritor. O final da história também é uma surpresa que
deixará no leitor um tanto de pena e rejeição.
Na terceira, 24
horas na vida de uma mulher, acompanhamos o diálogo de uma viúva aristocrática
de 67 anos com um jovem, após um acontecimento inusitado em um hotel de
veraneio austríaco, um escândalo, envolvendo uma mulher casada que abandona o
marido e os filhos no hotel para fugir com um jovem que conhecera naquele
local. O fato causa sérias discussões entre os hóspedes acerca da postura moral da jovem
adúltera, até que esse jovem, o narrador da história, decide não julgar a
postura dos fugitivos sob o aspecto da condenação. Isso faz a viúva aproximar-se
dele, criando confiança para contar um fato que envolveu 24 horas de sua vida e
que trouxe a ela marcas profundas. Nesse caso, a senhora, que no relato tinha
44 anos, apaixona-se por um jovem viciado em jogo, depois de livrá-lo de
provável suicídio. Ela toma uma atitude importante tarde demais, que no fim a
leva a um desenlace decepcionante.
Stefan Zweig (1881-1942) era austríaco de origem judaica, oriundo de
uma tradicional família aristocrática. Fugindo do nazismo, escolheu o Brasil
para morar, instalando-se em Petrópolis. Abalado pelos desastres da guerra e
pelo incômodo de sentir-se deslocado do lugar onde vivera, matou-se juntamente com a esposa.
Três
novelas femininas foi organizado por Alberto Dines,
especialista no autor, com traduções de Adriana Lisboa e Raquel Abi-Sâmara.
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paulinhopoa2003@yahoo.com.br
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Stefan Zweig. Três
novelas femininas. Rio, Zahar, 2014, 176 pp.
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