Recentemente fiz uma vigem há tempo programada: conhecer as praias do litoral norte de São Paulo, mais Paraty e Angra. Seguimos direto ao Rio de Janeiro e seus passeios básicos: Pão de Açúcar, Jardim Botânico, Corcovado, Niterói e Paquetá. A noite na Lapa foi bacana, também, muita gente, música, chope gelado e bolinhos de bacalhau. Na mala colocamos um pedaço de nosso cotidiano básico para sobreviver: uma cueca, um par de meias e uma camiseta por dia. A bermuda e a calça jeans a gente repete sem vergonha, fazer o quê, né?
Dois dias em cada lugar. Do Rio fomos num carro que a pousada em Angra nos ofereceu. A baía de Angra é belíssima, cheia de ilhas com mansões e casas chiques, de gente famosa. Mas a natureza é melhor. A sujeira fica na cidade feia de Angra, onde moram os que servem os ricos. O chalé da pousada era legal, mas o estabelecimento nos apresentou um serviço precário. Ela estava pensando em fechar a pousada. O passeio a Ilha Grande e suas praias cristalinas valeram muito. A mala, ainda não desarrumada escondia as poucas roupas sujas em um saco plástico. Viajar tem dessas coisas, a gente adora sair em aventuras, mas o pouso é um descanso nervoso, sem identificação.
Em Angra alugamos um carro e fomos até Paraty – uma delícia! A Pousada Coxixo, que foi de Maria dela Costa ainda apresentava aquele charme famoso que as revistas anunciavam. Cama muito confortável, produtos Natura no banheiro, o casarão colonial restaurado apresentava um jardim interno e silencioso que nos fazia muito bem. Mas não se deve perder muito tempo em hotéis e lá nos fomos para curtir a maravilha do centro histórico e fazer um passeio de barco pela baía de Paraty, tão ou mais bonita que a de Angra. Foi possível nadar de snorkel e observar peixinhos coloridos em piscinas naturais. A mala, ainda mais limpa que suja. Acho desconfortável carregar a sujeira pessoal durante o trajeto, mas lavar cueca e meia em hotéis não tem nada a ver comigo.
De Paraty a Ubatuba as praias eram no continente. Conseguimos entrar de carro quase até a beira das praias visitadas. Bem próximo, era necessário percorrer uma trilha no meio da mata atlântica até curtir as águas tépidas e calmas das enseadas. Viajei com minha irmã e o cunhado, dividimos uma casa de dois quartos em Ubatuba. Casa estranha, triste, nunca poderia significar a minha casa, apesar de estar bem acolhido nela. Certamente se tivesse de morar naquela casa ela estaria repleta de livros e as janelas e portas estariam abertas, à procura da claridade do dia.
De Ubatuba até São Sebastião, destino final das praias, foi uma aventura épica. Foram 250 km de belas praias. Passamos direto por São Sebastião, em direção a uma de suas mais longínquas praias ao sul: Juréia. De lá fizemos as paradas necessárias. Depois de tanta beleza natural, ficamos exigentes em cada praia visitada. No final, todas eram muito parecidas. A diferença ficou para o dia seguinte. Depois de entregarmos o carro em São Sebastião, fomos para Ilhabela. Lá, pegamos um jipe para cruzar o monte que separa o lado habitado da ilha, em frente a São Sebastião, com a belíssima praia dos Castelhanos, do lado do oceano. Castelhanos é semisselvagem, não tem luz elétrica. O contato com a vila de Ilhabela se dá de barco ou jipe, que trafega por uma estrada barrenta e difícil montanha acima e abaixo. Para mim, Castelhanos foi a musa de todas as praias que visitei. Linda, linda.
A mala nessa hora estava dominada pelas roupas sujas, soltas na mala. A pouca roupa limpa estava agora no saquinho plástico.
Pegamos o ônibus em São Sebastião e fomos para a cidade de São Paulo, de onde pegaríamos o vôo de volta dois dias depois. Chegando no hotel, um imprevisto desagradável. Por um ato falho que nem Freud explicaria, havia esquecido de fazer as reservas no hotel. Eu jurava que as havia
Feito e o hotel não as tinha e a lotação estava completa, devido à virada cultural que acontecia na cidade naquele final de semana. Graças a uma sobrinha, filha de Adelaide, minha irmã, conseguimos ficar em seu apartamento até o dia da volta. Custei a aceitar a mancada, mas à noitinha eu já estava melhor. Assistimos a Pterodáctilos, com Marco Nanini. O teatro com 500 lugares estava lotado. A peça é uma tragicomédia, pesada pra burro, mas valeu a pena ter assistido a ela.
A volta para casa foi boa, mas fiquei meio perdido dentro do ambiente que mais gosto de estar. Lavar aquele montão de roupa, reorganizar as coisas pessoais no banheiro, retomar as leituras habituais de que tanto gosto, foi meio complicado. Viajar tem dessas coisas, me desestruturo, fico à mercê das novidades, da aventura. Quando volto ao lar, é necessário um bom tempo de reflexão para readquirir o doce hábito de viver bem acolhido em meu apartamento que adoro. Apesar de resisitir a essa “desestruturação momentânea”, ela é importante pra mim, me ajuda a amadurecer ainda mais e melhor.
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