O
argentino Adolfo Bioy Casares (1914/1999) trabalhou como
colaborador de Jorge Luís Borges durante muito tempo. Entre o que produziram
juntos entre roteiros e antologias, há o livro Seis Problemas Para Dom Isidro Parodi & Duas Fantasias Memoráveis escrito
sob o pseudônimo H. Bustos Domecq. Por trás do jogo de máscaras da autoria, em
que os dois grandes escritores argentinos dão lugar, na verdade, a um
heterônimo, ao menos dois aspectos se destacam: a raridade da literatura a
quatro mãos e a modernidade do autor como outra criação do autor.
Borges considerava Bioy
Casares um dos grandes da literatura universal, escrevendo que sua novela mais
famosa, A invenção de Moral, é
estruturalmente perfeita. Um fugitivo venezuelano esconde-se numa ilha deserta.
Um dia percebe que há outras pessoas na ilha, especialmente uma mulher que lhe
interessa sobremaneira. Busca aproximar-se, mas ela não o nota, assim como
os demais também não. Torna-se, então, um voyeur. De repente, assiste a um
acontecimento insólito: Morel, o homem que mantém relacionamento cordial com a
tal mulher, cria uma espécie de gravador multimídia que reproduz todos os
elementos sensíveis da realidade. Morel é impulsionado pela fantasia trágica de
vencer a morte para viver a eternidade. Morel fotografara os habitantes da ilha
para que vivessem naquela fotografia para sempre.
A invenção de Morel é considerada pelos críticos como uma novela policial. Bioy Casares
sempre se interessou por esse tipo de literatura, assim como foi um entusiasta
da literatura fantástica, tendo publicado vários contos desse gênero. Tratar A invenção de Morel como novela
policial tem um tanto de exagero, embora a história esteja muito bem amarrada e
com suspense, levando ao interesse na elucidação da invenção de Morel. Você
começa a leitura e não consegue largar até o final de suas cento e poucas
páginas.
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Adolfo Bioy Casares. A invenção de Morel. 3ª Ed., SP, Cosac
Nsify, 2006, 136 pp., R$ 47,00
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