Saber
se Homero existiu de fato, e se foi ele que criou Ilíada e Odisseia, é um assunto bastante
controverso. Homero, se existido, seria um rapsodo, um recitador de poesias
épicas para um público ouvir em diversos
lugares por onde passasse. Na tradição grega, imagina-se Homero como um poeta
cego. De qualquer forma, é importante
que se diga que Homero não escreveu nem uma obra nem outra. O que os estudos
nos mostram, é que as obras escritas apresentam fortes indícios de que os
dois poemas são frutos da tradição oral.Estudos
concretos sobre sua existência, não existem. Mostram, por sua vez, que a
existência dessa longa tradição oral torna pouco relevante a presença de um
grande gênio autoral que cria, a partir de sua própria mente, os grandes
poemas. Isso quer dizer que a tradição é muito mais importante do que a criação
de um determinado poeta, se é que isso aconteceu. Homero poderia ser a
representação de um coletivo de recitadores que transmitiam a poesia cantada
pelos diversos pontos da Grécia, durante muito tempo, até ser organizada sobre
forma escrita.
Ilíada de Homero, portanto,
é um grande poema. Tem uma capacidade narrativa impressionante. As imagens
utilizadas para contar os versos, a maneira como são construídos, transmite uma
sonoridade impressionante.
O
poema, em 24 cantos, narra o que está acontecendo no final da Guerra de Troia,
que durou dez anos, por causa do rapto de Helena. Páris, jovem troiano, teve de
fazer uma escolha de qual a mais bela entre três divindades, Hera, Atena e
Afrodite. Escolheu Afrodite, a deusa do desejo sexual. Páris, então,
apaixona-se pela mulher de Menelau e a rapta para Troia.
Homero
narra menos de dois meses antes do final da guerra. O motivo do poema é uma
briga entre Aquiles e Agamenon, por causa de uma escrava, é o impasse que
movimenta a narrativa épica. Aquiles se
recusa a continuar guerreando. Os gregos começam, então, a sofrer baixas.
Agamenon tenta se reconciliar com Aquiles sem sucesso. No final, Pátroclo, o
melhor amigo de Aquiles, vai lutar disfarçado em herói. Heitor, o troiano, mata
Pátroclo.
Aquiles, enfurecido com a
perda do amigo, entra na guerra e mata Heitor.
A
história da Ilíada, resumidamente, é
a história da ira de Aquiles. Quando mata Heitor, o herói não se satisfaz com
isso, quer aniquilar o cadáver. Em vez de entregar o corpo aos troianos para as
honras fúnebres, Aquiles diariamente amarra o cadáver em sua carroça e faz voltas em torno do
túmulo de Pátroclo, tamanho seu ódio. No final, ele cede e entrega o corpo ao
pai de Heitor, Príamo, para que seja enterrado.
Ilíada já nos mostra a importância
do caráter trágico, da responsabilidade pelas próprias ações, na figura de
Aquiles. Ele é cercado de dúvidas: será que o homem já está predestinado? Agiu corretamente? É culpado pela morte do
amigo? Causou a morte do amigo? São questões existenciais importantes na
história da humanidade de ontem e de hoje.
A
melhor tradução da Ilíada é do helenista português Frederico Lourenço, que traduziu o poema em
verso livre, o que dá fluência ao texto, facilitando bastante sua compreensão.
Ilíada
já foi comentado aqui, centrado no enredo dos versos. Use o mecanismo de busca
do blog.
paulinhopoa2003@hotmail.com
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Homero.
Ilíada. SP. Penguin Compania, 2013,
720 pp.
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