As
relações perigosas
é romance epistolar (gênero romanesco que narra os acontecimentos através de
cartas) do francês Choderlos de Laclos (1741/1803), que conta a trama diabólica
da Marquesa de Merteuil, viúva rica e nada ética em suas relações sociais, para
destruir o casamento da jovem adolescente Cecile Volanges com o Conde de
Gercourt, destruindo a reputação da jovem. Para isso escreve ao Visconde de
Valmont, que ganhava a vida servindo-se de amante de mulheres ricas e
preferencialmente casadas da corte francesa. Começa então uma troca de cartas
entre os dois, não só dos dois, mas de todos os personagens envolvidos direta e
indiretamente na trama.
Ficamos
sabendo de cara que Valmont tem ressentimentos em relação à Marquesa de
Merteuil, de quem foi amante e apaixonado. Sentindo-se usado por ela,
afastou-se de seu convívio, passando a viver no campo em casa de uma tia.
Merteuil o chama, explica-lhe seu plano, que ele recusa inicialmente, mas acaba
aceitando, no desenrolar da história. A verdade é que Valmont está buscando se
envolver com a bela Madame de Tourvel, mulher casada, amiga de sua tia, com
quem vive no campo. A relação entre os dois leva a tal senhora a um final
trágico.
Acompanhamos,
paralelamente, as cartas trocadas entre a adolescente Cecile e sua amiga de
internato, Sophie Carnat, em que narra o desejo da mãe em casá-la com o conde,
mais velho que ela. Ficamos sabendo, também, através dessa troca de cartas
entre as duas, a aproximação de um professor de música, Danceny, com quem passa
a ter um romance cortês secreto, arquitetado, claro, pela Marquesa de Merteuil.
Com
o desenrolar da história, Valmont acaba se apaixonando verdadeiramente por
Madame de Turvel, a amante, mas esta decide, contraditoriamente, afastar-se
dele. A Marquesa de Merteuil aproxima-se de Cecile e torna-se sua confidente.
Consegue levar a jovem a passar um tempo no interior, justamente no lugar onde
se encontra Valmont e os dois acabam se encontrando e tornando-se íntimos.
Com
o afastamento definitivo da amante, Valmont, cansado de se ver manipulado pela
Marquesa de Merteuil, propõe a ela que sejam amantes ou inimigos. Como a
Marquesa usava e vingava-se das pessoas por prazer, propõe a guerra. O final é
devastador.
As relações
perigosas,
publicado em 1782, caiu no ostracismo, sendo proibido por um tempo, considerado
obra pornográfica. Quem reabilitou a obra como um dos romances capitais da
literatura universal foi o escritor André Gide (1869/1951). Existem duas
traduções respeitadas no mercado editorial, a de Dorothee de Bruchard, pela
Penguin Companhia e a de Carlos Drummond de Andrade, pela Biblioteca Azul.
Existe uma tradução acima de qualquer suspeita, feita por Sérgio Milliet, que
você pode encontrar nos sebos, da coleção Imortais da Literatura Universal, da
editora Abril. Foi essa tradução que li e recomento.
Depois
de ler As relações perigosas, loque
o filme de mesmo nome, dirigida por Stephen Frears, em que Glenn Glose, John
Malkovich e Michelle Pfeifer dão uma aula memorável de interpretação. Há outro
filme baseado no romance, Valmont, dirigido por Milos Forman.
paulinhopoa2003@yahoo.com.br
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Choderlos
de Laclos. As relações perigosas.
Editora Abril/Difel, 1971, 324 pp.
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