Jean-Joachim Goriot
era, antes da Revolução, um simples operário macarroneiro, hábil, econômico e
empreendedor o bastante para ter comprado o patrimônio de seu patrão, que o
acaso tornou vítima do primeiro levante de 1789. Estabelecera-se na zona nobre
parisiense e tivera o enorme bom senso de aceitar a presidência de seu
departamento, a fim de ter seu negócio protegido pelos mais influentes
personagens daquela época perigosa.
Tal sensatez fora a
origem de sua fortuna que começou na escassez, verdadeira ou falsa, em
consequência da qual os grãos atingiram um preço enorme em Paris. o povo se
matava diante das padarias, enquanto algumas pessoas iam buscar sem reclamar
massas italianas nos armazéns. Durante aquele ano, Goriot reuniu o capital que
mais tarde lhe serviu para fazer seus negócios com toda a superioridade que dá
uma grande soma em dinheiro àquele que a possui. Aconteceu com ele o que
acontece a todos os homens que só possuem uma aptidão relativa. Sua
mediocridade salvou-o. Aliás, sua fortuna só se tendo tornado conhecida no
momento em que não mais havia perigo em ser rico, ele não despertou qualquer
inveja. O comércio de grãos parecia ter absorvido toda sua inteligência.Mas o
destino será cruel com Pai Goriot.(*)
Balzac
articula uma narrativa fornecendo todos
os conflitos psicológicos e tensões sociais, para mostrar a Paris de sua época.
O romance começa com a descrição da Casa Vauquer, uma pensão parisiense vagabunda,
onde vivia Pai Goriot, já na miséria. Diversos moradores ali convivem, entre
eles o estudante de Direito Eugène de Rastignac e um
misterioso agitador chamado Vautrin. O velho Goriot é
alvo da chacota de todos os moradores da pensão, que descobrem que ele
empobreceu para sustentar suas duas filhas bem casadas. Ele as amava de paixão, mas elas o
detestavam, pela profissão que o pai tivera. Imaginava que as duas filhas o
amavam, que os genros é que se conduziam mal em relação a ele. Para evitar
desentendimentos com os maridos, acreditava que as filhas queriam vê-lo em
segredo.
Rastignac, vindo de família humilde, fica deslumbrado com a vida
parisiense e logo em seguida abandona os estudos para tentar penetrar na alta
sociedade. Convidado a um baile na corte, tenta se aproximar de Anastasie de Restaud, mas é frustrado pelo
fosso cultural e sobretudo financeiro que o separa da dama, de seu marido e de
seu amante. Humilhado, pede à prima que o ajude a se envolver nos mistérios da
alta sociedade. É quando descobre que Anastasie é filha de Pai Goriot.
O misterioso Vautrin, também o ajuda, revelando o funcionamento
da sociedade e os meios de se tornar poderoso. Quer que este faça fortuna e
insiste que se case com a srta. Taillefer, de cujo irmão trama a morte num
duelo para que ela receba a fortuna do pai. Rastignac se recusa a compactuar
com esse ato criminoso. Envolve-se numa relação amorosa com Delfina, a outra filha
de Goriot. Uma investigação revela que Vautrin é um antigo forçado, que acaba
sendo capturado na pensão pelos agentes da polícia.
O Pai
Goriot, que planejava deixar a pensão com Rastignac para morar junto
com a filha Delfina, morre ao descobrir brutalmente a situação familiar e
financeira catastrófica das filhas.Rastignac assiste ao enterro do velho. As
filhas sequer foram ao cemitério. Dominado pela paixão do poder e
dinheiro, se lança à conquista de Paris.Rastignac
é figura recorrente em outros romances dA
Comédia Humana de Balzac.
Tradução de Celina Portocarrero e Ilana Heineberg
paulinhopoa2003@hotmail.com
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O Pai Goriot. Porto
Alegre, LPM, 2006, 304 pp. 23 reais
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