O personagem central de A neve
estava suja é uma incógnita, quanto mais queremos saber sobre ele (e esse é
o trunfo da história) mais ele se torna escorregadio. Frank Friedmaier vive na
pensão de Lotte, sua mãe. O lugar é um prostíbulo que atende, em sua maioria,
soldados do exército alemão que invadiu Paris. Frank não tem perspectivas, levando uma vida ociosa,
transando com as garotas da pensão ou frequentando um bar em frente, onde tem
um amigo, Fred Kromer, criminoso de carteirinha. Tem uma jovem, ainda virgem
que o ama, mas que ele prepara para entregar a Kromer, para ser deflorada. Quando
começa a história, ficamos sabendo que Frank já matou um homem, oficial do
exército, e ficou com seu revólver. Frank mata sem um objetivo específico, só
para saber como se sente depois. kromer põe o jovem em contato com o
contrabando de relógios. Frank é preso pelos nazistas portando grande
quantidade dinheiro e passa a ser interrogado. O que chama atenção é que Frank
não expressa o menor desejo de salvar sua vida. Enfrenta os interrogatórios com
coragem. Para de se alimentar e entra numa letargia que lhe parece ser fatal.
Sua mãe o visita na prisão para lhe dizer que
fechará a pensão e o abandonará.
Georges Simenon ficou famoso com as histórias do detetive Maigret, mas
escreveu outros romances de cunho psicológico mais elaborados, como A neve estava suja, considerado sua
obra prima, escrito em 1948, quando a segunda guerra recém acabara.
Tradução de Eduardo Brandão
paulinhopoa2003@hotmail.com
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Georges Simenon. A neve estava
suja. SP, Cia. das Letras, 2014, 230 pp. Preço de 27 a 34 reais o exemplar
novo.
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