Guerra
e paz acompanha a vida de quatro famílias aristocráticas: Bolkonski, Rostóv,
Bezukóv e Kuráguin, tendo como pano de fundo a invasão da Rússia por Napoleão.
Seu enredo abrangente explora o valor da família e mostra como a vitória na
vida e na guerra vai além do acaso e das ciscunstâncias.
O romance se inicia em 1805, no salão da
casa de Anna Pavlovna, dama de honra e dama favorita da imperatriz. Ali ocorre
uma reunião da nobreza russa de Petersburgo, onde o tema principal é a iminente
invasão francesa ao país, comandada por Napoleão Bonaparte. Nesse encontro,
estava pela primeira vez numa reunião social Pierre (Piotr), um jovem gordo e
corpulento, filho ilegítimo de um famoso grão-senhor do tempo da imperatriz
Catarina,o Conde Bezúkhov, que estava moribundo em Moscou. Pierre ainda não
havia trabalhado em parte alguma, acabara de chegar do exterior, onde fora
educado. Vivia, então, na casa do príncipe Vassíli Kuráguin e participava da
vida de orgias de seu filho Anatole, o mesmo que pretendiam endireitar
casando-o com a irmã do príncipe Andrei Kolkónski, cuja família era uma das
mais ricas da Rússia.
O conde Bezúkhov morre, reconhecendo Pierre
como filho, deixando-lhe, assim, imensa fortuna. O príncipe Vassíli era um
homem mundano, de sucesso na sociedade.
Conforme as circunstâncias e as relações pessoais, vinham-lhe planos e
ponderações. Com a mudança de Pierre na sociedade russa, a partir de sua
recente fortuna, Vassíli pensava em conquistar sua confiança e amizade com
vistas a compensações financeiras. Também pensava que não seria nada mal casar
a filha Hélène com Pierre. Os dois casam-se, mas a vida de Pierre cai num
marasmo sem fim. Hélene era chegada a grandes festas em sua casa e a trair o
marido. Pierre rompe com a esposa e passa a morar sozinho em uma de suas
propriedades. Entra para a maçonaria com o intuito de buscar salvar sua alma,
vendo a vida com olhos menos mercantilistas.
A sociedade de Petersburgo, após a vitória
de Nopelão em Austerlitz, girava em torno de dois círculos sociais: o da casa
de Anna Pávlovna, onde predominava os russos patriotas, e o de Hélène, onde se
desmentiam os boatos sobre a crueldade dos franceses em relação aos russos e
certa admiração por Napoleão Bonaparte.
Poucos anos depois Napoleão ataca novamente
a Rússia, submetendo Moscou a seu domínio. Ocorrem saques e a cidade é
incendiada. Nesse período, Pierre encontra-se no exército. Ao presenciar tanta
barbaridade por parte dos franceses, arma um plano para matar Napoleão
Bonaparte. O plano não dá certo,Pierre é preso, mas
escapa do fuzilamento.
A condição física de Pierre, como sempre
acontece, acompanhava sua condição moral. A comida grosseira a que não estava
acostumado e a vodca que bebera naqueles dias, a ausência de vinho e de
charutos, a roupa de baixo imunda e que não era trocada, as duars noites que
havia dormido só pela metade, deitado num sofá curto e sem roupa de cama, tudo
isso impelia Pierre a um estado de irritação próximo da demência.
Quando entrara para o exército, estava
sofrendo assédio da esposa para anulação do casamento, para se casar com outro
nobre. Mas Hélène morre antes disso. Quando os franceses abandonam Moscou,
Pierre volta à vida social e reencontra Natacha, por quem tinha uma paixão
recolhida. Os dois acabam casando, tendo filhos e vivendo uma vida
aparentemente feliz no meio rural.
Pierre é o personagem central do romance,
na medida em que é o que sofre uma transformação moral em sua conduta perante a
vida. De nobre endinheirado, chegado à bebida e às mulheres, passa a ter seu
olhar voltado às classe menos favorecidas, no caso os trabalhadores rurais, que
no início do século XIX ainda viviam na condição de servos. Através de Pierre,
Tolstói tece um verdadeiro tratado sociológico, propondo uma nova história para
a Rússia,um anarquismo respeitando a ordem das coisas.
O segundo tomo do romance contém, como foco
importante da narrativa, o entrelaçamento amoroso entre o príncipe Andrei, a
condessa Natasha e Pierre. Andrei tinha Napoleão como ídolo, mas lutou contra
ele, como auxiliar do comandante Kutuzov. Ferido na batalha de Austelitz, é
dado equivocadamente como morto. Resgatado, retorna a Petersburgo, quando sua
esposa está dando à luz. A mulher morre no parto e, a partir daí, Andrei,
amargurado,retira-se da guerra e do convívio social, passando a dedicar-se à
educação do filho. Anos depois, ele retorna a Petersburgo e é apresentado à
condessa Natasha Rostova e apaixona-se por ela, voltando a ter gosto pela vida.
Ela aceita o noivado, mas seu pai, preocupado pelo fato de Andrei ser bem mais
velho que ela e também por que a quer casada com um aristocrata rico, pede o
prazo de um ano para decidir sobre as bodas. Andrei parte em viagem e, nesse
tempo, Natasha se apaixona pelo libertino Anatole Kuragin, incentivada por sua
irmã Hélène, ex-mulher de Pierre. Ao voltar, Andrei descobre a traição e rompe
com Natasha e acaba indo para a guerra mais uma vez. O casamento de Natasha com
Anatole, não se realiza,entretanto. Ferido gravemente em combate, Andrei volta
à cidade e acaba perdoando Natasha, antes de morrer. É quando Pierre toma
coragem de declarar seu amor a Natasha, sendo por ela correspondido.
Esse segundo volume contém, também, os pensamentos
filosóficos, uma reflexão moral sobre a guerra e a paz.
Tradução e apresentação de Rubens
Figueiredo
paulinopoa2003@yahoo.com.br
====================================
Lev Tolstói. Guerra e Paz. SP, Cosac Naify, 2011,2.538 pp. 2 tomos. Dê uma
olhada na obra na Amazon, com preços especiais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário