segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Ganhos

o que você vai fazer, quando se aposentar? Quero ficar um bom tempo sem fazer nada, depois decido alguma coisa. É bom pensar em algo para fazer, você ainda é novo, 53 anos, há planos, coisas a fazer...
Pois é, coisas a fazer. Mas, o quê? Não sinto vontade de fazer nada, minha vida de trabalhador sempre teve o pensamento e a fala: "não vejo a hora de parar de trabalhar e gozar a vida!" Gozar a vida, pra mim, sempre teve a intenção de não fazer nada. Entenda-se esse "nada" como todas as coisas proveitosas, agradáveis, prazerosas, que não podemos fazer porque estamos trabalhando por obrigação,para construir essa base para o "nada" do que estou falando.
Quando estava envolvido com o processo da aposentadoria do banco onde trabalhava, tive crise: tonturas, expectativas, indecisões. Conversei com Rozana, já fora do banco. Estava em Ibiraquera, morando na praia com seus cachorros e o marido. Feliz da vida. Quem não é feliz da vida perto do mar! Conversei com Gládis, recém-saída do trabalho: "não tenho tempo pra nada!", me disse ela. Quem já está aposentado entende o que ela disse. De fato a gente não tem tempo pra nada. Porque a noção de tempo de um aposentado que preza o "dolce far niente" é outro. Mais curto. O tempo passa depressa. A ruptura dos padrões desse bom pedaço da vida em que produzimos para sobreviver, que é o trabalho ativo, compromissado, de carteira assinada, é uma coisa muito boa. Eu penso assim. Sinto isso. Gostei muito.
Dias desses falei com Zuleide, que se retirou do batente na mesma época que eu. Está fazendo artesanato, reick, passa temporadas na praia quando quer, preferentemente fora da loucura do veraneio. Acompanha a trajetória da filha que corre o mundo, trabalhando numa ong humanitária. Está fazendo nada... que delícia!
Dias desses falei com Valdir, que se transferiu parcialmente para Chapecó. Está feliz com a mudança de ares. Tem vontade de investir num novo trabalho, ele precisa disso. Está perseguindo o que gostaria de fazer, com uma boa remuneração, sem neuras.
Dias desses almocei com Claudinha, Berê e Ricardo, colegas da ativa que ainda têm um caminho a percorrer. Junto estavam Hamilton e Ana, que estavam saindo para "o não fazer nada". Dúvidas? Claro! Mas tenho a certeza de que a liberdade é o melhor caminho para todas as escolhas, mesmo que seja para "nenhuma delas", como é o meu caso.
A aposentadoria incomoda porque acontece no momento em que estamos no alvorecer de nosso envelhecimento. Se envelhecer pode ser uma coisa boa, poderá também ser uma coisa complicada. Melhor dizendo, com algumas complicações, nada que não se possa resolver com nosso plano de saúde. Batalhem pela liberdade, meus amigos! Vale a pena.

Nenhum comentário:

Postar um comentário