domingo, 11 de dezembro de 2011

Do amor e outros demônios



Do amor e outros demônios foi escrito pelo escritor colombiano Gabriel Garcia Marquez em 1994. Sierva Maria, filha de um casamento sem amor, é criada pelos escravos negros da propriedade onde vivia. Aos 12 anos é mordida por um cão raivoso e isso acaba trazendo preocupações a seu pai, que acreditava que a menina pudesse, então, estar possuída pelo demônio. A partir daí, aproxima-se mais da filha, busca ajuda de um médico ateu, do bispo da região, que lhe apresenta um padre exorcista que acaba, no decorrer da história, apaixonando-se pela menina. Sierva Maria é internada num convento, a pedido do bispo, onde passa a sofrer uma série de torturas. A novela tem um final trágico. Alguns personagens da história:
Sierva María – nasceu no dia 07 de dezembro, dia de Santo Ambrósio (o santo que, segundo a tradição, pregava a importância da virgindade e do culto à Virgem Maria). Nasceu de 7 meses, com o cordão umbilical enrolado no pescoço. Quase morreu, mas foi salva por Dominga Del Adviento, uma escrava, que prometeu a seu santo de guarda que, se ela vivesse, seu cabelo não seria cortado até que se casasse. Por isso, tinha imensa cabeleira que caía-lhe aos pés. Herdou do pai a timidez e o isolamento. Seu modo de ser era tão sigiloso que parecia uma criatura invisível. Analfabeta até a adolescência, assimilou a cultura dos negros, com eles convivendo por quase todo o tempo, até que seu pai a trouxe para dentro de casa e tratou de civilizá-la. Era chamada entre os negros de Maria Mandinga. Ao ser mordida por um cão raivoso, surgiram suspeitas de que estaria possuída pelo demônio. Foi internada no convento das monjas “enterradas vivas”. Tinha acessos de fúria quando tentavam tirar seus colares de yorubá do pescoço. Algumas monjas, escondidas, aproximavam-se dela para pedir-lhe favores impossíveis, como se fosse uma santa.
Ygnacio – pai de Sierva Maria, era um homem débil desde a juventude. Custou a aprender a ler e escrever. Cresceu com certos sinais de retardo mental. Seu primeiro sintoma de vida fui quando se tomou de amores por Dulce Olívia. considerada louca. Foi a primeira paixão platônica de Ignacio. Correspondiam-se por bilhetes. Quando Ignácio decidiu casar-se com ela, o pai o desterrou em uma de suas fazendas. Mais tarde seu pai ameaçou-o com clausulas testamentarias, obrigando-o a casar-se com Olalla, uma mujer bela e com muitos talentos. Foi um casamento sem sexo. Olalla intentou vencer o obstáculo através da música, mas morreu fulminada por um raio sem consegui-lo. Mais tarde é obrigado a casar-se com Bernarda, mulher que odiou a vida inteira.
Bernarda – mestiça, seduziu Ignacio até fazer sexo com ele. Engravidou e a situação o obrigou a casar-se com ela. Foi um casamento cercado de ódio. Bernarda não amava a filha, antes tinha-lhe temor. Com um furor insasiável de sexo, comprou um negro, Judas, que se tornou seu amante, sem que Ignacio se opusesse. Quando soube que a filha havia sido internada no convento, abandonou o marido, levando o que pôde de riqueza desses 12 anos de má convivência.
Cayetano deLaura – padre exorcista chamado para exorcizar Sierva Maria, mas acaba apaixonando-se por ela. Dialogava muito sobre a menina com o bispo (havia fuxicos de que Cayetano seria seu filho ilegítimo) e com o médico Abrenúncio. Um dia disse ao médico que no seminário lhe haviam proibido um livro e ele ficara curioso de saber o nome da obra. O médico lhe diz que o livro era o Amadis de Gaula, que conta o relato dos amores furtivos entre um rei e uma infanta, que deram lugar a uma criança abandonada numa barca. A criança, Amadis, é criada pelo cavaleiro Gandales. Mais tarde, Amadis vai em busca das suas verdadeiras origens, o que o leva a meter-se em fantásticas aventuras, sempre protegido pela feiticeira Urganda e perseguido pelo mago Arcalaus, o encantador. Passa por todo o tipo de perigosas aventuras, pelo amor da sua amada Oriana. Nas versões iniciais, a união dos dois tem fins trágicos.
Médico Abrenúncio – solteiro, judeu, ateu. Quando Ignácio internara a filha no convento para o exorcismo, foi contra. Achava que as feitiçarias dos negros sacrificavam animais, enquanto a igreja sacrificava pessoas. Abrenúncio é importante na narrativa, porque em sua conversa com Delaura sobre a possessão de Sierva Maria, consegue fazer ver a Delaura, que este está apaixonado por ela. Sierva Maria, assim, é o demônio do amor que ele não precisaria exorcizar.
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Garcia Marquez. Do amor e outros demônios. 9ª ed, Record, 1996.
García Marquez. Del amor y otros demónios. 16ª ed., Debolsillo, 2009

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