domingo, 12 de fevereiro de 2012

Hombres de Maíz

O romance do guatemalteco Miguel Ángel Astúrias, prêmio Nobel em 1967, não tem tradução em português. Essa pode ser uma das dificuldades para o leitor. A outra é a linguagem. O romance pertence ao realismo mágico, que teve forte repercussão nas letras internacionais há décadas atrás. Escrito em 1949, documenta a oralidade do povo indígena (no final do romance há um glossário, traduzindo inúmeras palavras da fala popular), seus costumes e crenças fantásticas. Miguel Ángel Astúrias aborda a mitologia indígena maia, tomando como tema a lenda de Popol Vuh, um dos poucos livros que sobraram da cultura maia. A lenda aborda, pelo aspecto religioso, a criação do mundo. Os deuses criaram a terra, os animais e os homens, estes feitos inicialmente de barro. Como não resistiam por muito tempo, acabaram criando quatro homens, a partir de grãos de milho moídos e a partir de seus corpos criaram quatro mulheres que se multiplicaram e constituíram várias outras famílias. O milho, para o índio agricultor, mais que alimento, é a origem da raça. Paralelamente à lenda, há o aspecto político, também presente no realismo mágico. Os indígenas são submetidos ao jugo colonialista, destruindo a natureza. O milho fonte de sua essência de vida, passa a ter valor meramente comercial, com a destruição de suas terras para plantio em massa. A ação da novela Hombres de Maíz concentra a luta do cacique índio Gaspar Ilom, que se revolta contra a imposição dos que pretendem destruir os bosques e a terra destinada à plantação do milho, para fins comerciais. Gaspar é assassinado e o filho de seu algoz, Machojón, é queimado vivo, como castigo. Ha o venado de siete cabezas, curandeiro que revela a farmácia onde foi conseguido o veneno que matou Gaspar, para que seus proprietários sejam castigados, também. Outro personagem, Goyo tic quien, é um cego que foi abandonado por María Tecún, sua mulher, que fugira dele para não ter mais filhos para presentear-lhes sua miseria. Há também o Correo Coyote, que percorre toda a região para entrega e recolhimento de cartas.
Miguel Ángel Astúrias nasceu na cidade de Guatemala em 1899 e faleceu em Madri em 1974. Além de escritor, foi diplomata. O livro mais conhecido dele, El Señor Presidente, tem tradução em português, que não posso avaliar se é adequada ou não.
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Miguel Ángel Astúrias. Hombres de maíz. 12ª ed., Buenos Aires, Losada, 2004, 440 pp

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