sábado, 10 de novembro de 2012

Alice no País das Maravilhas

Nicolau Sevcenko, o tradutor da belíssima edição de Alice no País das maravilhas pela Editora Cosac Nayfi , conta-nos que Lewis Carroll(1832/1898) não gostava da forma organizada como a sociedade britânica estava submetida durante a era vitoriana, período em que viveu o autor. Para ele, nada de rotinas mecânicas, da disciplina que fazia as crianças repetir hábitos que as transformavam, mais tarde, em seres mecanizados preocupados com o trabalho e atividades condicionantes. Carroll queria ver crianças barulhentas, arteiras. Por causa disso, criou em Alice no País das Maravilhas, uma menina que via a realidade de forma diferente. Ao perseguir um coelho num jardim, cai, através de um buraco, num mundo repleto de fantasias, onde os animais falam, há rainhas más e duquesas boas. Alice diminui e cresce de tamanho algumas vezes, para participar de forma integral nesse mundo subterrâneo mágico, que é o mundo de sua imaginação. Alice não deixa de ser uma menina rebelde, que enfrenta com indignação as criaturas presunçosas, mal-humoradas e autoritárias do País das Maravilhas. Carroll, assim, subverte o moralismo cultural e a moral puritana de sua época, que não tolerava desvios de comportamento. Para mudar esse cenário, o autor de Alice focou suas histórias no território encantado, imaginativo e lúcido das crianças, satirizando o mundo dos adultos, suas maneiras afetadas, sua seriedade aborrecida, seus preconceitos e sua arrogância autoritária e indolente.
Alice no País das Maravilhas é um livro maravilhoso e divertido. Acompanham a história as belíssimas ilustrações de Luiz Zerbini, que fazem suas criaturas criar aderência, a partir de cartas de baralho, tomando vida. É um livro para crianças especiais, aquelas cujos pais lhes propiciam o aconchego silencioso necessário para emocionar-se com a leitura de Alice. Alice é livro que os adultos devem ler e reler, pois trata-se de obra-prima.
O filme de Tim Burton misturou as personagens de Alice no País das Maravilhas com as de Alice através do espelho, colocando Alice como uma jovem de 19 anos que se recusa a casar-se sem amor. O filme não tem a magia que o livro proporciona.
Há outras traduções de Alice em outras editoras, com preços menores. Esse da Cosac Naify, entretanto, vale o preço. É obra de arte.
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Lewis Carroll. Alice no País das Maravilhas. SP, Cosac Naify, 2009, 168pp. R$ 49,00

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