domingo, 9 de dezembro de 2012

O velho e o mar

O velho e o mar, de Ernst Hemmingway (1899/1961), relata um velho pescador em alto mar, que vai torturando um peixe grande aos poucos, para provar sua utilidade como pescador e sua força como ser humano. Depois de morto o peixe, vêm os tubarões, sentindo a carne do peixe morto, para devorá-lo. O velho mata todos eles, e não eram dois nem três bichos. Consegue chegar em terra firme com a carcaça do peixe já completamente devorado pelos tubarões. A prova de que havia pego um peixe grande havia sido conseguida. O velho, cansado da árdua luta, vai para casa e acaba adoecendo. Olivro de Hemmingway foi escrito em 1952 e, segundo a crítica, é a obra-prima do escritor norte-americano. Teria sido, essa novela, o motivo do Prêmio Nobel a ele. Os adeptos do conceito de preservar a natureza e nela incluindo os animais podem desgostar da luta desse velho solitário, que mata tubarões a torto e a direito para tentar preservar um único peixe morto. Na época de Hemingway, não havia essa consciência ecológica, ainda. Levemos em conta, que matar animais fazia (ainda faz) parte da cultura dita civilizada, tais como safáris na África etc.
Fazendo a releitura da obra, percebi que o tema da narrativa é a derrota. O velho no mar busca uma atitude de valor ético para enfrentá-la. No final, a morte e o nada. O velho pescador é um ser deprimido pelas contingências de sua velhice. Ninguém acredita em suas histórias de homem que pesca peixes graúdos. Seus colegas pescadores lhe zombam o que chamam ser sua fantasia de contador de histórias sem pé nem cabeça. Há um menino, entretanto, que lhe admira e que aprendeu muito com o velho. É esse menino que o incentiva a vencer o desafio de sua vida, que é provar seu valor como ser humano. Se fosse otimista, o velho pescador não teria voltado, sabe-se lá, derrotado. Acontece que o escritor Hemmingway não dava muitas chances a seus personagens de serem felizes.
Hemmingway bebeu do nihilismo e da descrença no ser humano decorrentes das guerras que assolaram o mundo na primeira metade do século XX. O escritor lutou na Espanha contra Franco. Era bom vivant, viveu em Paris nos primórdios do século XX ao lado de escritores estrangeiros consagrados que escolheram a capital francesa para viver, como Gertrude Stein e Samuel Beckett. Também morou cerca de 20 anos em Cuba. O cenário de O velho e o mar se passa no mar do caribe e seu velho pescador é um cubano. Autodestrutivo, era chegado ao fumo e ao álcool. Com hipertensão, diabético e depressivo, matou-se com uma arma de caça em 02/07/1961.

                                                                       paulinhopoa2003@yahoo.com.br

========================
Ernst Hemingway. O velho e o mar. 73ª Ed., RJ, Bertrand Brasil, 2011, 128pp. R$ 31,00

2 comentários:

  1. Acho que a maior obra de Hemingway foi sua própria vida. Não gostei de "O Velho e o Mar". Cheguei a afirmar, por muito tempo, que elogiavam o livro por admirar a vida do autor. Hoje já não repito isso. Talvez deva dar outra chance ao livro.

    ResponderExcluir
  2. Também não gostei, João. Achei piegas o argumento. Acho que tens razão no que dizes, o autor é a estrela.

    ResponderExcluir