domingo, 19 de maio de 2013

Fluxo-floema

Fluxo-floema é o primeiro livro de ficção de Hilda Hilst. Publicado originalmente em 1970, pela editora Perspectiva, encontra-se reeditado pela editora Globo. Composto por cinco textos que não são romance nem ensaio e nem contos, carregam entre eles o fluxo de consciência da autora, que segundo Alcir Pécora, responsável pela organização e edição da obra de Hilda Hilst pela Globo, não se trata de um fluxo de consciência usual, em que o enunciado se apresenta como realista de pensamentos do autor. É, antes, surpreendentemente dialógico, e teatral. Em seu primeiro texto, Fluxo, temos Ruiska, querendo escrever sobre a angústia de dentro. Essa aflição que, surpreendentemente, não se consegue exprimir de forma racional, liberando o fluxo da consciência em discursos complexos e rítmicos, revelando essa angústia de dentro: Deus tira o bem, do mal que acontece. Falávamos dos seres extraterrestres, das civilizações longínquas, do espaço-tempo, dos seres que podem ser apenas luz, do desconhecido mais secreto dos homens, da vontade de subir e conhecer o espaço mais profundo.
Escrever um livro é como pegar uma enxada, e se você não tem uma excelente reserva de energia, você não consegue mais do que algumas páginas, isto é, mais do que dois ou três golpes de enxada. Por isso, nessa hora de escrever é preciso matar certas doçuras, é preciso matar também o desejo de contemplar, de alegrar-se com as próprias palavras, de alegrar o olhar. É preciso virilidade e compaixão. Sou um unicórnio fechado dentro de um apartamento na cidade.  

                                       paulinhopoa2003@yahoo.com.br                                                                                    
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Hilda Hilst. Fluxo-floema. SP, Globo, 2003, 278 pp,  R$ 35,00

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