
As meninas
configura uma posição de engajamento da escritora, que mostra personagens dominadas pelo discurso dominante. Lya, a comunista, é quem mais
tenta lutar contra o esquema. O romance traça um retrato muito fiel do jovem
desse momento no Brasil. Lygia Fagundes Telles é pioneira na ficção brasileira,
ao inaugurar o fluxo de consciência da mulher na ficção, pois até então era
inédito que uma mulher falasse de suas fantasias existenciais e eróticas, de
forma tão humana e verdadeira.
Quando era aluno do curso de Letras da UFRGS, lá por 1976, assisti a uma conferência em que ela participou juntamente
com Nélida Piñon, Fernando Morais e Rubem Fonseca,. Lembro dela ter dito que o escritor escreve tentando, quem
sabe, recompor um mundo perdido, buscando-se nos personagens e a
si mesmo. A obra de Lygia Fagundes Telles apresenta um fio
muito tênue entre memória e ficção. Ela mesma mistura as duas coisas, ao escrever. Quando
criança, ouvia histórias das moças contratadas pela família para cuidar
dela, enquanto trabalhavam. Essas histórias lhe despertaram o gosto pelo
mistério, a invenção, a imaginação. Foi assim que se foi tornando escritora.
Lygia nasceu em São Paulo em 1924, foi eleita para a Academia Brasileira de
Letras em 1985. Entre sua obra, toda ela constituída por uma prosa elegante e
bem urdida, destacam-se também os romances Ciranda de pedra e As horas nuas. Excelente contista, também, com os livros Antes do baile verde e
Cemitério dos ratos.
paulinhopoa2003@yahoo.com.br
paulinhopoa2003@yahoo.com.br
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Lygia Fagundes Telles. As
meninas. SP, Cia. das Letras, 2009, 304 pp, R$ 41,00
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