domingo, 13 de julho de 2014

O círculo trágico tebano

A tragédia de Édipo foi motivada pelo pai dele, Laio, que era filho de Labdaco, rei de Tebas. Era criança quando o pai morreu e o reino foi entregue a Lico que, mais tarde, foi morto por usurpadores do trono, fazendo com que  Laio fugisse para a Frígia, com medo de ser morto. Lá, tomou-se de amores pelo jovem Crisipo, filho do rei, raptando-o. O jovem, temendo a reação do pai, suicida-se. O rei, com a ajuda dos deuses, amaldiçoou Laio e todos seus descendentes. Mais tarde, Laio é chamado a Tebas para retomar o trono da cidade e casa-se com Jocasta.  Ele temia ter um filho homem, pois o oráculo lhe predisse que seria morto por seu filho. Mas, nasceu Édipo. O rei mandou que abandonassem o filho num monte. Alguns pastores o encontraram,  com os pés inchados. Por isso,  chamaram-no de Édipo (= de pés inchados) e levaram-no a Corinto, onde foi criado como filho dos reis.  Já adulto, Édipo ouviu de um cidadão coríntio insinuações sobre sua origem. Ele consultou o oráculo de Delfos, que lhe revelou que mataria o pai e casaria com a própria mãe. Pensando tratar-se dos pais que o criaram, abandonou Corinto. Durante sua trajetória errante, quase foi atropelado por uma carruagem em um desfiladeiro. Insultado, matou o desconhecido, Laio. Estava assim cumprida a primeira parte da profecia. Na entrada de Tebas, encontrou-se com a Esfinge, que lhe propôs um enigma. Se errasse, seria devorado pelo monstro. Mas Édipo decifrou o enigma e a Esfinge, desesperada, jogou-se no abismo. Como reconhecimento de sua proeza, Creonte, o rei de Tebas, lhe passou o trono e Édipo casou-se com a rainha viúva, Jocasta, sua mãe. É a segunda parte da profecia. Dessa relação incestuosa nasceram Etéocles, Polinice, Antígona e Ismena.  Depois de algum tempo de reinado feliz, abateu-se uma epidemia na cidade e Édipo dirigiu-se novamente ao oráculo, que lhe disse que a peste só seria dizimada quando o matador de Laio fosse expulso de Tebas. Aí começa o enredo de Édipo Rei, de Sófocles. Édipo empenha-se em encontrar o assassino. Consulta o adivinho Tirésias, que lhe faz sérias revelações e Édipo acaba descobrindo a verdade. Jocasta, envergonhada, enforca-se. Édipo fura os próprios olhos, é expulso de Tebas e passa a vagar errante, acompanhado de sua filha Antígona.
Sófocles deu continuidade ao ciclo trágico tebano que forma a trilogia que engloba, além de Édipo-Rei,  Édipo em Colono e Antígona.

Em Édipo em Colono a ação inicia, quando Édipo cego chega ao lugar onde findariam suas provações.  Pede a Teseu, rei de Atenas, que o acolha naquele lugar, em troca de impedir qualquer agressão que venha de Tebas. Ismena vem juntar-se ao pai e a Antígona. Etéocles, filho de Édipo, havia assumido o trono de Tebas e Creonte, irmão de Jocasta,  informado de que a terra onde fosse enterrado o corpo do infeliz cunhado seria abençoada pelos deuses, aparece em Colono para buscá-lo. Teseu se opõe à mudança e Creonte ameaça Atenas com uma guerra. Em seguida aparece Polinices, que preparava uma expedição contra Tebas, cujo trono era ocupado pelo irmão e contava com a ajuda do pai para a conquista. Diante da recusa de Édipo, que reitera a profecia de que os dois irmãos se matariam um ao outro, Polinices, mesmo assim, parte para o combate e pede a Antígona que, se voltasse a Tebas e ele tivesse morrido, lhe desse uma sepultura digna. Édipo morre em Colono, em local misterioso. Bem, os irmãos se matam um ao outro, Etéocles recebe pompas fúnebres, enquanto Polinices apodrecerá sem ser enterrado, segundo as ordens de Creonte.  A luta de Antígona para enterrar seu irmão é o mote da terceira peça da trilogia, Antígona. O tema da peça é o choque do direito natural, defendido pela heroína, com o direito impositivo de Creonte.

Eurípedes escreveu uma peça, abordando o mito de Édipo: As Fenícias passa-se em Tebas, quando Édipo ainda lá estava cego. Segundo a versão de Eurípedes, Jocasta está viva e sabe que seus dois filhos vão se enfrentar em combate e tenta demovê-los da decisão, o que não acontece.
                                                  paulinhopoa2003@yahoo.com.br
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Sófocles.Trilogia tebana: Édipo Rei, Édipo em Colono, Antígona. 9ª ed.,Zahar, 2001, 264 pp, R$ 54,90

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