domingo, 15 de fevereiro de 2015

Três novelas femininas

Três novelas femininas, de Stephan Zweig apresentam uma trama muito bem amarrada, com um suspense crescente até o final. As protagonistas de cada uma das histórias cedem o direito de ser feliz, por causa do medo e covardia.  Na primeira novela, Medo, Irene, casada com um homem importante de Viena, ao sair da casa de um jovem pianista, seu amante, é abordada por uma mulher que se diz namorada do rapaz e lhe faz ameaças. Apavorada, Irene lhe oferece dinheiro e foge para casa. Dias depois, é abordada pela mesma mulher na rua, que lhe pede uma quantia considerada para manter-se calada.Depois, a mulher manda-lhe um bilhete pedindo mais dinheiro. Irene, acuada, cede. Por fim, a mulher invade sua casa e lhe toma um anel caríssimo. O marido lhe pergunta do anel e Irene inventa uma desculpa. Precisa de dinheiro para resgatar a joia, mas já não tem como consegui-lo. O final da história pega o leitor de surpresa.

Na segunda história, Carta de uma desconhecida, um escritor famoso recebe uma carta aparentemente anônima, de uma mulher que lhe narra acontecimentos envolvendo os dois desde a adolescência dela, sem que o escritor consiga lembrar-se de quem se trata, até o final da carta. A mulher decide lhe escrever, contando de sua paixão por ele desde jovem, dos encontros fortuitos durante a mocidade, até a aventura amorosa que originou-lhes o filho que ele desconhecia até então. A covardia dela reside no fato de nunca ter sido notada e nunca ter tomado uma atitude para lutar pelo amor do escritor. O final da história também é uma surpresa que deixará no leitor um tanto de pena e rejeição.

Na terceira, 24 horas na vida de uma mulher, acompanhamos o diálogo de uma viúva aristocrática de 67 anos com um jovem, após um acontecimento inusitado em um hotel de veraneio austríaco, um escândalo, envolvendo uma mulher casada que abandona o marido e os filhos no hotel para fugir com um jovem que conhecera naquele local. O fato causa sérias discussões entre os hóspedes acerca da postura moral da jovem adúltera, até que esse jovem, o narrador da história, decide não julgar a postura dos fugitivos sob o aspecto da condenação. Isso faz a viúva aproximar-se dele, criando confiança para contar um fato que envolveu 24 horas de sua vida e que trouxe a ela marcas profundas. Nesse caso, a senhora, que no relato tinha 44 anos, apaixona-se por um jovem viciado em jogo, depois de livrá-lo de provável suicídio. Ela toma uma atitude importante tarde demais, que no fim a leva a um desenlace decepcionante.

Stefan Zweig (1881-1942) era austríaco de origem judaica, oriundo de uma tradicional família aristocrática. Fugindo do nazismo, escolheu o Brasil para morar, instalando-se em Petrópolis. Abalado pelos desastres da guerra e pelo incômodo de sentir-se deslocado do lugar onde vivera, matou-se juntamente com a esposa.

Três novelas femininas foi organizado por Alberto Dines, especialista no autor, com traduções de Adriana Lisboa e Raquel Abi-Sâmara.

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               paulinhopoa2003@yahoo.com.br
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Stefan Zweig. Três novelas femininas. Rio, Zahar, 2014, 176 pp. 

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