domingo, 1 de abril de 2012

Ninguém nada nunca

No calor insuportável do verão nos pampas, sob a pressão implícita do regime militar, os moradores da região de Santa Fé são assombrados por uma série de misteriosos assassinatos de cavalos. E a iminência desses crimes sanguinários, inexplicáveis e sem solução, uma verdadeira carnificina, vai produzindo uma tensão muda que faz da banalidade do cotidiano desses personagens uma experiência de nervos à flor da pele.
(texto da capa)
O enredo de Ninguém Nada Nunca se resume à tensão de uma espera, de um acontecimento sempre iminente. Esse é também o clima nervoso da história: a tensão de uma espera por um acontecimento que está velado por trás da morte trágica dos cavalos.Uma cidade pequena junto a um rio, calor pleno de fevereiro, aparentemente nada acontece, a não ser cavalos mortos de forma violenta por alguém que não se deixa conhecer. Gato e Elisa, moradores da margem do rio, bebem litros e litros de limonada ou vinho branco com bastante gelo. Quase não há diálogos entre eles, assim como não há quase diálogos em toda a história. Esse é um dos méritos da narrativa. Juan José Saer descreve ações de personagens em contato com a natureza.
A imaginação se esconde no vazio do pampa argentino, não há descrições psicológicas de interesse. A partir do momento em que tudo é físico, a descrição do plano geral é o detalhe intimista. Tudo é puxado para dentro da paisagem e da geografia movediça, vazia, onde a correnteza do rio e a gota de suor escorrendo pelo corpo são descritas no mesmo nível, numa narrativa física, que ressalta a unidade de todas as coisas, uma espécie de cosmos, de totalidade representada pela paisagem.
Juan José Saer (1937), nasceu em Santa Fé, Argentina. É filho de imigrante sírio Auto-exilou-se na França, a partir de 1968. saer começou a publicar em 1960. É autor de obras como A pesquisa, O enteado e A ocasião.
A obra em português está esgotada, mas encontra-se facilmente nos sebos.
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juan José Saer. Ninguém Nada Nunca. SP, Cia. das Letras, 1997, 232 pp

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