domingo, 19 de agosto de 2012

A pista de gelo

Um povoado anônimo de uma cidade espanhola; um chileno com pretensões de escritor que havia exercido todo tipo de trabalhos eventuais; um mexicano também poeta e andarilho que sobrevive como vigilante noturno em um camping; um empreendedor catalão metido a político, capaz de tudo para chamar a atenção de uma bela patinadora. Deles se obtém três versões para um crime, que se vão entrelaçando por toda a novela em torno de uma pista de gelo construída ilegalmente em uma casa abandonada.
O chileno da história também se havia apaixonado pela patinadora. Um dia resolveu segui-la, até que ela entrou num bar. O catalão, que havia ido ao encontro dela, encontra-se com o chileno e saúda-o com uma mescla de ódio e desconfiança. Sente-se mal, quando pressente que entre a patinadora e o chileno pode existir mais que amizade. O chileno havia sido casado com a empregada desse catalão e destroçara sua vida pela desilusão e infelicidade. O catalão pensa que o sul-americano poderia fazer o mesmo com a patinadora, a quem amava muito. O outro elemento, o vigilante, gostava de entrar na casa abandonada para observar furtivamente a bela patinadora a fazer seus exercícios ao som da música clássica.
Às dez horas da manhã de um certo dia, cada um deles se dirige à pista de gelo. Lá, cada um vê de seu ângulo e individualmente, que no centro da pista há um vulto encolhido que não se pode ver direito de quem se trata. O sangue, originado de diversas partes do corpo, havia se espalhado em diversas direções, formando desenhos e figuras geométricas. O corpo pode ser da bela patinadora. Para investigar isso, caro leitor, você precisa ler o livro, para saber. Trata-se de uma história interessante, com muito suspense.
Roberto Bolaño constrói uma história com requinte policialesco, com amores destruídos e ilusões perdidas. Com seu estilo mordaz e seu humor feroz, prende o leitor desde a primeira página. Nascido no Chile em 1953, morto aos 50 anos, surgiu na década de 1990 e logo se tornou um dos mais importantes escritores sul-americano dos últimos tempos. O escritor estava fora do Chile, quando Pinochet tomara o poder. Tentou voltar para lutar contra o ditador, mas foi preso e teve de se exilar na Espanha. Seu romance Os detetives selvagens é considerado sua obra-prima.
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Roberto Bolaño. A pista de gelo. SP, Cia. Das Letras, 2007, 200 pp. R$ 44,00

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