domingo, 14 de outubro de 2012

Pastoral americana

Pastoral Americana (1997) é o vigésimo segundo livro de Philip Roth (1933), um dos escritores norte-americanos mais famosos e importantes da atualidade. Seus livros vendem como água, com o mérito de serem grandes romances, desses que balançam a estrutura do leitor. Este romance longo explora o curso da história americana a partir dos anos 1940, que o narrador de Roth e alter ego, Nathan Zuckerman, considera como um período de ouro para as convulsões sociais que marcaram a década de 1960 e início de 1970. O ponto central da história é um personagem judeu chamado sueco Levov, homem excepcional em todos os aspectos. Foi atleta brilhante, tendo sido ídolo da juventude na cidade onde morava. É empresário de sucesso, marido e pai dedicado, cujo único objetivo é viver uma vida tranquila em Rimrock, lugarejo rural de New Jersey . Sua vida torna-se um inferno, quando sua filha de dezesseis anos rebela-se, entrando em um grupo de protesto anti-Vietnã, plantando uma bomba na estação de correios local e matando uma pessoa. A vida de Levov é abalada para o resto de sua vida. A estrutura narrativa funciona em ziguezague no tempo. Esse “tumor” na vida de Levov vem à tona, quando ele procura Zuckermann, já escritor famoso, para que este conte a vida de seu pai, que fora fabricante de luvas para senhoras e passara a direção da empresa, já com ramificações no exterior, para Levov. Na verdade, o que Levov acaba fazendo, é contar sua própria vida, para tentar entender, sem sucesso, o que teria dado errado na educação da filha. Roth explora de forma contundente a transformação da vida americana do pós-segunda guerra. Aborda de forma crítica questões como a natureza da educação judaica, a relação impositiva entre pai e filho (o sueco largou a profissão de jogador famoso para administrar os negócios do pai, na marra), o contraste entre sua personalidade e a da filha. Aborda, ainda relações de lealdade e traição familiar, além do fanatismo político que tomou conta dos Estados Unidos no período da guerra do Vietnã, do movimento híppie, dos grupos guerrilheiros como os Panteras Negras, etc.
O escritor Zuckerman apareceu em outros romances de Philip Roth, como O Escritor Fantasma e O fantasma sai de cena. Se você foi, como eu, adolescente na década de 70/80, deve ter lido ou visto o filme baseado no livro Complexo de Portnoy, talvez o livro mais famoso de Roth, considerado um dos dez melhores romances americanos, pela crítica.
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Philip Roth. Pastoral Americana. SP, Cia das Letras, 1998, 478 pp. R$ 69,00

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