domingo, 11 de agosto de 2013

A ostra e o vento


Poderíamos dizer que Moacir Costa Lopes é o nosso Joseph Conrad, posto que os dois viveram ativamente o mar como marinheiros, e ambos escreveram seus romances tendo o mar como protagonista ou como pano de fundo. Se Conrad é considerado dos grandes da literatura universal, Moacir C. Lopes é pouco conhecido de nós, ainda que sua obra seja de qualidade inquestionável. Walter Lima Jr, ao levar para o cinema a história de A Ostra e o Vento, contribuiu positivamente para que o livro surtisse o interesse da editora Quartet, que o relançou lá pelos anos 2000.
A ostra e o vento passa-se na Ilha dos Afogados, onde há um farol. Lá vivem Daniel, ajudante de faroleiro, José, o faroleiro e pai de Marcela, adolescente que foi para a ilha aos nove anos de idade, permanecendo 10 anos lá. Depois, junta-se ao grupo Roberto, outro ajudante. Rodeando a ilha, o mar, o vento, o silêncio e a solidão.  

Sozinha na ilha e proibida de ir à cidade, Marcela inicia, sozinha, o processo de descoberta da própria sexualidade. Ela mantém um diário onde narra o relacionamento obscuro com Saulo, ser misterioso com quem tem um romance. No decorrer da narrativa, a presença de Saulo vai tomando conta da ilha e da vida de Marcela. Anos depois, Daniel retorna à ilha para averiguar os motivos por que o farol está apagado e a encontra deserta. Vasculhando o local onde moravam José e Marcela, descobre o diário, chegando à conclusão de que Saulo poderia, quem sabe, não ter existido.

Daniel começa a relembrar sua convivência com Marcela, a amizade que se formou entre os dois e o quanto a presença da adolescente mexeu em sua vida. Lembra de quando Marcela se entregava ao vento, acontecimento contado com lirismo e sensualidade por Moacir C. Lopes. Certa vez o pai de Marcela a surpreende nua na praia e a repreende severamente. A ostra pode representa a sexualidade de Marcela, cristalizada na pérola que valoriza seu descobrimento como alma feminina em contato com a natureza.

A ostra e o vento encontra-se esgotada. A última edição correu em 2000, pela Editora Quartet, que elaborou uma capa horrorosa. Trata-se de obra-prima da literatura brasileira. Você poderá encontrar um exemplar seminovo pelo preço médio de 20 reais nos sebos virtuais.

                            paulinhopoa2003@yahoo.com.br
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Moacir C. Lopes. A ostra e o vento. 7ª ed., Rio, Quartet, 2000, 160 pp

 

 

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