domingo, 4 de janeiro de 2015

O senhor do lado esquerdo

O escritor carioca Alberto Mussa (1961) costuma afirmar que a história das cidades é a história de seus crimes. A cidade do Rio de Janeiro tem sido descoberta desde seus primórdios do século XIX através de seus crimes, nos romances que narra. O Senhor do lado esquerdo acontece no ano de 1913, apresentando ao leitor a  investigação do assassinato do secretário do presidente da república, mesclada com  crônicas diversas acerca da história e dos mitos da cidade do Rio de Janeiro na época.

O narrador nos que No dia 13 de junho de 1913, por volta das quatro horas da tarde,o secretário da presidência da república chegou à Casa das Trocas, aparentemente uma clínica ginecológica administrada por Miroslav Zmuda, espécie de  ginecologista ou obstetra, visto que fazia abortos, esterilizava, tratava enfermidades venéreas. Embora não tenha sido um erotólogo, na acepção clássica do termo, tinha especial interesse pela fisiologia do coito. E foi um dos primeiros cientistas ocidentais a estudar o fenômeno da atração sexual. E assim surgiu a Casa das Trocas - de que dona Brigiitte foi a principal mentora.

O secretário  foi recebido pela prostituta Fortunata. Minutos depois de terem entrado no quarto, Fortunata desceu para apanhar duas taças e uma garrafa de vinho tinto, na adega improvisada pelo doutor Zmuda, embaixo da grande escadaria, onde a lenda diz haver uma passagem secreta construída por dom Pedro I. Em torno das seis, Fortunata passou pelo salão oval superior, onde ficavam as colegas, demonstrando pressa e reagindo com rispidez incomum a uma gentileza, antes de sair, pela porta da frente. Estava num vestido de tafetá azul e levava nas orelhas o par de brincos de ouro, em forma de cavalo marinho.

Pouco antes das oito, após considerarem exagerado o tempo de permanência do secretário no quarto, dona Brigitte pediu que fossem acordar o cliente ilustre - que foi achado morto, fortemente preso à cama por amarras e ainda com fundas impressões de dedos no pescoço. O laudo confirmou a asfixia como causa mortis, não havendo indícios de latrocínio.

Eis o motivo condutor para a trama interessante de O homem do lado esquerdo, contado com humor e doses de ironia. É gostoso de ler.
                                 paulinhopoa2003@yahoo.com.br
=======================

Alberto Mussa. O senhor do lado esquerdo. 2ª ed, Rio, Record, 2013, 304 pp, R$ 35,00

Nenhum comentário:

Postar um comentário