domingo, 18 de janeiro de 2015

Sábado

Henry Perowne é um neurocirurgião conceituado, especializado em operar tumores de cérebro com rara habilidade. Vive confortavelmente em  Londres, é feliz no casamento, tendo uma mulher advogada, uma filha poeta e um filho músico de blues. A vida para ele é quase milimetricamente traçada, tudo corre costumeiramente, sem maiores transtornos.

No sábado  de 15 de fevereiro de 2003, pela manhã, sai para jogar sua partida costumeira com um colega do hospital, para depois, à tarde visitar a mãe em uma clínica, vítima de Alzeimer, para depois retornar à casa para preparar um jantar para o sogro que vem visitar a família. No caminho, é parado no trânsito, devido a uma manifestação contra a invasão do Iraque pelos norte-americanos, em decorrência do atentado de 11 de setembro, pouco tempo atrás. Quando tenta escapar do tumulto através de uma manobra irregular, é atingido por um carro ocupado por três jovens de atitude suspeita. Todos descem dos carros, o jovem que estava à direção propõe uma indenização em dinheiro vivo e Henry recusa. O jovem torna-se violento e o agride. Percebendo que o jovem apresenta sintomas de descontrole muscular, usa de seus conhecimentos profissionais para minar os planos do agressor, dando-lhe o diagnóstico de que o rapaz apresenta suspeita da síndrome de Huntington (informe-se). Essa atitude, que mais tarde Henry classifica de antiprofissional, desconcerta o rapaz, que desiste do caso e vai embora, deixando Henry seguir seu caminho. Esse acontecimento interfere no pensamento de Henry várias vezes durante o dia, embora tente manter sua vida normal, apesar do incidente. À noite, durante o jantar, a casa é invadida pelo jovem perturbado, armado de uma faca. O fato trará consequências graves para o médico e sua família.

A interferência de alguém na vida de um personagem, causando-lhe danos é recorrente na obra de  Ian McEwan.  Em Reparação, uma menina constrói uma história fantasiosa sobre uma cena que presencia. Comete um crime com efeitos devastadores na vida de toda a família e passa o resto de sua existência tentando desfazer o mal que causou. Em Amor sem fim, um homem prepara um piquenique no campo para festejar a volta de sua mulher de uma viagem, quando um incidente com um balão põe em risco a vida de uma criança.  Um dos homens que o ajuda passa a alimentar por ele uma paixão tão instantânea quanto obsessiva, que chegará aos limites da perseguição e da loucura (leia matéria no blog).

A narrativa de Sábado contém um suspense que prende e incomoda o leitor até o final. O exemplar novo em edição de bolso custa em média R$ 26,00.

Tradução de Rubens Figueiredo.

            paulinhopoa2003@yahoo.com.br
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Ian McEwan. Sábado. SP, Cia. das Letras, 2013, 304 pp.

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