domingo, 1 de maio de 2011

O novo de novo

Sou de uma geração que tinha um propósito no futuro. Batalhei desde cedo, a buscar um ideal distante que seria minha realidade depois de adulto. Hoje, os jovens não tem essa preocupação da mesma forma que eu tinha pelo futuro. Eles têm essa preocupação, mas não se cobram por isso como nos cobrávamos, os de minha geração. Notem que estou falando de jovens de classe média, os que podem estudar até a universidade sem precisar trabalhar. Os menos afortunados continuam buscando o trabalho desde a juventude, deixando o estudo para mais tarde. Nós, que trabalhávamos para poder estudar, demos o chão para que eles pudessem fazer seu rumo de outra forma, menos estressante, quem sabe. Mas então, hoje em dia é possível fazer vestibular quatro, cinco vezes, quem sabe passando em todos e trocando de cursos como se troca de pulôver no inverno. O jovem de hoje, me parece, amadurece mais devagar e sem cobranças. Os de minha geração não, o amadurecimento vinha na marra! Não se podia perder tempo. Nessa nossa meta equivocada, quantos jovens do passado não fizeram cursos divergentes de sua vontade, quantos não investiram em empregos e carreiras sem estímulo nenhum... Hoje os jovens estão perdidos sim, mas não se preocupam com isso. Nós também nos perdíamos, mas investíamos em um caminho que nos levasse a uma independência financeira que nos afastasse da casa dos pais. Nós achávamos que tínhamos que ajudar os pais. Hoje os pais continuam ajudando os filhos, mesmo quando se casam. Nossa geração tinha um posicionamento político, oriundo do contato com os grêmios estudantis da escola secundária e da universidade. Hoje não, hoje é outra época. A mim, pelo menos, me cabe buscar compreender e aceitar que o tempo é outro e eu sou de outra época. Mas que não estou alijado do presente. É necessário que me adapte aos tempos atuais, pois afinal de contas, ainda possuo a característica de saber onde ponho os pés e faço de tudo para não ficar muito pra trás nessa trilha do presente.
O que os jovens querem da vida? Essa pergunta nós, da minha geração, saberemos responder com hipóteses variadas. Mas será que os jovens de hoje sabem a resposta? Talvez nem lhes interesse esse assunto. Mas uma coisa é certa: precisamos acreditar neles, com todo esse caos que me parece evidente, mas que não é nenhuma tragédia. O mundo vai continuar a existir, eu e minha geração tiraremos nosso time de campo e vamos assistir ao jogo deles. Creio que eles saberão jogar da sua forma, com a criatividade inusitada que nossa mente da geração passada talvez não consiga aceitar, mas o tempo segue, o tempo não para. Lembremo-nos de que o chão que eles pisam nós ajudamos a construir.

Um comentário:

  1. Estou gostando! Este texto, em especial, por abordar o tema da diferença geracional com um olhar de otimismo, de aposta... Convenhamos, isso é raro. Exige que possamos nos despir da prepotência, e que nos enxerguemos, pois, afinal, como bem o dizes, fomos nós que lhes demos as bases... Gostoso ler o teu blog! Abraço

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