quinta-feira, 10 de abril de 2014

Esaú e Jacó

Esaú e Jacó foi publicado originalmente em 1904. É o oitavo e penúltimo  romance de Machado de Assis. O autor ainda teve fôlego para escrever o último, Memorial de Aires, em 1908,  pouco antes de falecer. A história, partindo da referência bíblica, é aparentemente simples: dois gêmeos, Pedro e Paulo, brigam  desde o útero da mãe e continuam a brigar pela vida toda. Amam a mesma mulher, Flora, que amava os dois e acaba morrendo sem escolher nem um nem outro. A história se passa nas décadas de 1870 a 1890, compreendendo a degradação do Império e os primeiros anos da República. Os dois divergem em tudo. Pedro é monarquista e Paulo, republicano. Pedro estuda Direito e Paulo Medicina. Discordam menos por convicções individuais do que pela necessidade de se distinguir pelas oposições. Quem toma o foco central, para impulsionar o fluxo da narrativa é Flora, que oscila na dúvida da escolha. Para ela, não se tratava de um conflito de escolher entre um e outro, já que  desejava os dois. 

Dono de uma ironia fina, Machado de Assis obriga o leitor a se dar conta, na parte final do romance, de que a oscilação entre o sim e o não ocupou  boa parte da história, fazendo troça da paciência do leitor que acompanha a oscilação de Flora num jogo que se estende ao infinito.

O conselheiro Aires, velho solitário que é escolhido pela mãe dos dois, vai escrevendo um Memorial (o último romance de Machado), analisando o dilema de Flora entre os dois irmãos.

Esaú e Jacó é engraçado pela ironia, é inteligente, instigante. Romance dos grandes!

                                                                              paulinhopoa2003@yahoo.com.br
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Machado de Assis. Esaú e Jacó. SP, Penguin/Companhia, 2012, 296 pp, R$ 26,00

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