Júlia Lopes de Almeida (1862/1934) é das grandes da literatura brasileira, apesar de quase desconhecida. Graças à Editora Mulheres, criada em Santa Catarina em 1996 (http://www.editoramulheres.com.br/) com o objetivo de resgatar escritoras dos séculos passados, a obra de Júlia Lopes de Almeida está vindo a público agora. A editora lançou três romances de Júlia: A Falência, A Família Medeiros, A Silveirinha e A Viúva Simões (esgotado). Filha de pais abastados, seguiu o caminho da literatura sem oposição da família. Possuía espírito avançado para a época, tinha preocupações sociais como o fim da escravatura e a opressão feminina, que ela retrata tão bem em A Falência. Ajudou a fundar a Academia Brasileira de Letras, mas não pôde fazer parte dela, por ser mulher. Em seu lugar tomou posse seu marido, o escritor Filinto de Almeida, cuja obra não merece destaque.
A trama de A Falência ocorre no
final do século XIX, durante a República. Uma nova moral burguesa, novos
comportamentos e ideais se impõem na sociedade do Rio de Janeiro. Francisco
Teodoro é um comerciante português casado com Camila, com quem teve filhos. O comerciante é proprietário de armazéns, um palacete e muito dinheiro
investido em banco.
Um dia
Francisco Teodoro recebe a visita de um amigo, convidando-o a
organizar no Rio um grande sindicato de café. Diz que outro grande comerciante
estaria disposto a entrar com grande parte do capital. O negócio daria grande
retorno financeiro aos sócios. O dinheiro de Francisco Teodoro fora adquirido
com esforço. Por isso gostava de viver do bom e do melhor, para justificar seu
orgulho com tanto trabalho. Fica indeciso, tem muito medo de perder dinheiro. O
amigo o incentiva. Deixa-lhe o contrato para ler e pensar melhor. Passam-se
dias e Teodoro aceita entrar na sociedade. Pouco tempo depois o preço do café
começa a cair no mercado. O comerciante acaba sabendo, depois de um período de
angústia e aflição, que tinha sido vítima de um golpe. Perdera tudo. Seus
negócios começam a ruir e ele entra em falência. Acovardado, suicida-se,
deixando a mulher e os filhos ao relento. A partir de então, a figura de
Camila, a viúva, começa a ganhar corpo. Até então ela era parte do marido,
nunca fizera nada, não entendia de nada relacionado a negócios. Vivia, enquanto
rica, uma vida de futilidades e gastança. Tinha como amante o médico de
família, fato que Teodoro nunca percebeu. Pobres, são obrigados a mudar-se para
a casa humilde de Nina (agregada à família) que havia ganho de presente de Teodoro. Paro o relato
por aqui, para não comprometer o interesse dos que pretendem ler o livro.
A edição
que eu tenho e li é de 1978. Você consegue nos sebos virtuais por um preço de
R$ 12,00. A edição nova, da Editora Mulheres custa R$ 30,00.
Paulinhopoa2003@yahoo.com.br
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Júlia
Lopes de Almeida. A Falência. SP,
Hucitec, 1978, 242 pp.
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