domingo, 22 de junho de 2014

Odisseia





A Odisseia retrata o herói Ulisses (Odisseu) em suas viagens aventurosas na luta para voltar para casa, depois da guerra de Troia. De um lado, temos o Ulisses ausente e retido na ilha de uma ninfa apaixonada, Calipso, por sete anos. De outro, seu filho Telêmaco à espera dele no lar abandonado. Pai e filho, um de cada lado, se põem em movimento ao mesmo tempo, para no final se reunirem no regresso do herói. Sua saga de retorno leva dez anos, pois seu regresso é atrasado deliberadamente por alguns deuses para castigá-lo.

O poema começa dez anos depois da queda de Troia. Durante o saque da cidade, o comportamento desrespeitoso de alguns gregos aborreceu os deuses, em especial Atena, que tendo favorecido o lado grego durante toda a guerra, agora provoca tempestades terríveis para atrapalhar a volta do grupo. Embora ela ainda esteja bem intencionada com Ulisses, não lhe permitiu retornar a Ítaca, onde sua esposa fiel, Penélope, tenta há sete anos evitar uma multidão de pretendentes. Poseidon e Apolo procuraram punir Ulisses (que durante suas viagens cegou Polifemo, filho de Poseidon, e cujos companheiros mataram o gado do deus-sol para comer). Ele está agora numa ilha longínqua, prisioneiro da ninfa Calipso, que o escolheu para amante. Assim começa a Odisseia, contada em 24 cantos.

Ulisses representa o ideal herdado da sagacidade guerreira. Era conhecido como um herói ardiloso, ideou o cavalo de madeira que ajudou na destruição de Troia. A isso se junta a elevada estima das virtudes espirituais e sociais. Ulisses é o homem a quem nunca falta o conselho inteligente, para cada ocasião acha a palavra adequada. Sua honra é sua destreza, e sua inteligência demonstrada na luta pela vida e na volta ao lar sai sempre triunfante diante dos inimigos mais poderosos e dos perigos que o espreitam.

Ao contrário de Aquiles, o herói colérico e sanguinário da Ilíada, Ulisses é um herói mais humano, mais próximo de nós. Ulisses mente, mata, sobrevive, abraça as múltiplas experiências que vêm ao seu encontro, conhece o canto das Sereias e o leito de belas mulheres, desce ao mundo dos mortos e recebe, mais tarde, a oferta de nunca morrer. Mas, essencialmente, são as circunstâncias e não a sua própria natureza, que lhe conferem uma dimensão heroica. É a superação desesperada dos perigos, nas ameaças que lhe surgem na luta pela sobrevivência, que nos identificam com ele. Ulisses representa culturalmente a essência do homem ocidental. Sua figura foi e é fonte de inspiração de vários romances e poemas da humanidade. O escritor irlandês James Joyce escreveu o monumental romance Ulysses, inspirado no herói grego, narrando as aventuras do judeu Leopold Bloom durante um dia, precisando superar numerosos obstáculos e tentações até retornar a sua casa, onde sua mulher Molly o espera. Aguarde resenha para breve.
Também não dá pra morrer sem ler a Odisseia. Busque a bela e acessível tradução de Frederico Lourenço.
                          paulinhopoa2003@yahoo.com.br
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Homero. Odisseia. SP, Penguin/Companhia, 2011, 584 pp, R$ 36,00 

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