sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Minha lista da Feira



Cemitério de pianos, José Luís Peixoto, Ed. Record
O português José Luís Peixoto nos apresenta, neste romance, uma família em decomposição. Utilizando constantes passagens de tempo e múltiplos pontos de vista, o autor conta as desventuras de uma numerosa família portuguesa, revela seus segredos e estranhas repetições de fatos, amores e desgostos de geração em geração.

Bili com limão verde na mão, Décio Pignatari, Cosac Naify
Bili é uma adolescente de quase treze anos que sai de sua casa desatando bile e atirando um limão nos animais que encontra no caminho. Não contava que eles, o limão e os animais, voltariam até ela, atingindo-a como um bumerangue. Cansada, depois de sua jornada, Bili tem um pesadelo e toma um banho purificador. Uma espécie de releitura de 'Alice no País das Maravilhas', de Lewis Carroll, a obra de Pignatari, traz situações nonsense e personagens esquisitos.

Confissões de uma máscara, Yukio Mishima, Companhia das Letras
Koo-chan vive um momento de conflito interior no Japão do entreguerras. No começo da adolescência, tem fantasias que combinam impulso sexual e violência sado-masoquista, desejo e morbidez. O rapaz chega a imaginar um 'teatro da morte', em que jovens lutadores se enfrentariam como gladiadores, exclusivamente para êxtase do próprio Koo-chan. À medida que avança na adolescência - e a Segunda Guerra Mundial se desenrola -, o rapaz tenta se interessar por mulheres. Por detrás da máscara de 'normalidade', porém, ele sabe que sua opção sexual não corresponde aos padrões convencionais. O protagonista empreende, aos poucos, uma viagem interior de descoberta e construção da própria identidade. 'Confissões de uma máscara' (1949) é um dos livros mais importantes de Mishima - pseudônimo de Hiraoka Kimitake (1925-1970). O autor foi grande admirador das tradições milenares da cultura de seu país. Em 1970, cometeu o suicídio ritual dos samurais - rasgando o ventre com uma espada.

Pastoral americana, Philip Roth, Companhia das Letras
'Pastoral americana' narra os esforços de Seymour Levov para manter de pé um paraíso feito de enganos. Filho de imigrantes judeus que deram duro para subir na vida, Seymour tenta, em vão, comunicar um legado moral à terceira geração da família Levov. Esmagado entre duas épocas que não se entendem e desejam destruir-se mutuamente, Seymour se apega até o fim a crenças que se mostram cada vez mais irreais. A força de sua obstinação em defesa de uma causa perdida lhe confere um caráter ao mesmo tempo heróico e louco.

Servidão humana, Somerset Maugham, Globo
No centro da trama deste romance está Philip Carey, estudante de medicina que, por ser manco, é rejeitado pela sociedade. Ao lado dele surge a sedutora Mildred, que desafia o orgulho intelectual de Philip. Para conquistá-la, ele se sujeita à forma mais vil de escravidão - a renúncia à própria dignidade.

O mal estar da pos-modernidade, Zygmunt Bauman, Zahar
Neste livro, o sociólogo Zygmunt Bauman mostra que a marca da pós-modernidade - ou seu valor supremo - é a 'vontade de liberdade' que acompanha a velocidade das mudanças econômicas, tecnológicas, culturais e do cotidiano. Daí resulta um mundo vivido como incerto, incontrolável e assustador - bem diverso da segurança projetada em torno de uma vida social estável, ou em torno da ordem, como pensava Freud em 'O malestar na civilização'.

A invenção da solidão, Paul Auster, Companhia das Letras
Neste livro de memórias, o autor americano Paul Auster alia seus notáveis talentos de poeta, tradutor, ensaísta e ficcionista. As recordações da infância e dos primeiros anos como escritor se entremeiam com uma profunda reflexão sobre a paternidade, o acaso e a literatura.Paul Auster parte, primeiro, de sua experiência como filho e, depois, como pai, para indagar a fundo a natureza do legado que, sem escolher, herdamos e transmitimos, de geração a geração. Construído na forma de um mosaico poético de fragmentos, o livro alterna recordações pessoais com argutos comentários sobre literatura, pintura e filosofia.

A passagem tensa dos corpos, Carlos de Brito e Melo, Companhia das Letras
Este livro aborda o tema morte. O narrador-personagem não é visto nem percebido por ninguém. Sua principal ocupação é percorrer cidades e registrar as mortes que encontra pelo caminho. Numa dessas localidades, há um morto insepulto, cuja família não parece disposta a velar ou enterrar. Como se nada tivesse acontecido, o cadáver é mantido amarrado à cadeira na mesa da sala, enquanto a esposa e a filha se ocupam dos preparativos para o casamento da menina, e o filho do morto permanece trancado no quarto. Diante da situação testemunhada na casa, a personagem aos poucos se dá conta de que, para existir de fato, necessita, ele mesmo, se apropriar de um dos corpos que encontra.

Os subterrâneaos, Jack Kerouak, LPM
'Os subterrâneos' possui contornos autobiográficos. Leo Percepied é Kerouac e Mardou Fox é a moça pela qual o escritor se apaixona na Nova York dos anos 50. No livro, a pedido do editor, a história se transfere para São Francisco, mas o ambiente underground e boêmio é o mesmo. O texto de Kerouac é uma prosa de um só fôlego, com poucas pausas para novos parágrafos. Após concluir o livro, o próprio autor afirmou que a obra tinha adquirido um estilo quase jazzístico, ritmado, como o bebop que serve de trilha sonora para a história. 'Os subterrâneos' são um grupo de hipsters, aspirantes a artistas, outsiders, homens e mulheres que vivem de bar em bar pelas ruas da cidade. 'Os subterrâneos' é a história do encontro de duas almas perdidas. Mardou é uma moça metade cherokee metade negra, que cresceu em meio à pobreza. Passou a juventude pulando de amante em amante, até conhecer Leo. Ele, por sua vez, se apaixona verdadeiramente por Mardou, mas a forte ligação com a mãe e o preconceito racial fazem com que Percepied não consiga levar o romance adiante. Ao romper essa ligação, Leo/Kerouac se vê completamente perdido, atitude que é justificada pelas últimas linhas do texto - 'E vou para casa tendo perdido o amor dela. E escrevo esse livro.'

Histórias íntimas, Mary Del Priore, Planeta do Brasil
Quando o Brasil era a Terra de Santa Cruz, as mulheres tinham de se enfear e os homens precisavam dormir de lado, nunca de costas, porque 'a concentração de calor na região lombar' podia excitar os órgãos sexuais. E nos momentos a sós - geralmente no meio do mato, e não em casa, porque chave era artigo de luxo e não era possível fechar as portas aos olhares e ouvidos curiosos -, as mulheres levantavam as saias e os homens abaixavam as calças e ceroulas. Casos íntimos são narrados por Mary del Priore. Em 'Histórias Íntimas', ela procura mostrar como a sexualidade e a noção de intimidade foram mudando ao longo do tempo, influenciadas por questões políticas, econômicas e culturais, e passaram de um assunto a ser evitado a todo custo para um dos mais comentados no mundo contemporâneo.

Uma viagem à India, Gonçalo M. Tavares, Leya Brasil
Este livro pode ser considerado uma epopeia portuguesa do século XXI. Esta obra narra a história de um homem que faz uma viagem à Índia, tentando aprender e esquecer no mesmo movimento, traçando um itinerário de uma certa melancolia contemporânea.
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Agradecimentos à Livraria Cultura

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