terça-feira, 8 de junho de 2010

A 60 minutos por hora

Hoje pela manhã, quando voltava do supermercado pela segunda vez, me veio à cabeça a música “A 60 minutos por hora”, de Walter Franco (a música faz parte do ótimo cd de Leila Pinheiro, “Nos horizontes do mundo”, Biscoito Fino). A letra diz: “a 60 minutos por hora/sem pressa nem demora/a 60 minutos por hora pela vida afora/venha, não tenha pressa/pra chegar a lugar nenhum”. Por que me veio essa música na cabeça?
Sou um cara apressadinho por natureza. A pressa sempre fez parte de minha vida, mesmo não precisando dela. O que me motiva isso é a ansiedade. Sou um cara ansioso à beça. Seja o que for que eu faça, faço com uma tensão desnecessária, que já me prejudicou muitas vezes. Desde criança fui assim, apressadinho, fazendo tudo correndo, me livrando das tarefas obrigatórias para poder brincar em paz. Hoje, já na adolescência do envelhecer, aparentemente sou um sujeito calmo e tranquilo. Mas internamente...
A ansiedade faz parte da minha personalidade, paciência.Tenho de carregá-la da forma mais diplomática possível, evitando o estresse.
Voltando ao supermercado, eu tenho o hábito de entrar nele já de costas, fazendo tudo rapidamente, pois não gosto daquele ambiente, principalmente quando há muita gente se pechando (conhecem essa? Os rio-grandinos como eu conhecem essa gíria), filas no caixa, demora. Apesar de me trabalhar há alguns anos para lidar com essa bruta ansiedade, às vezes me atropelo, esqueço de comprar metade do que precisava, e acabo voltando para completar a tarefa. Foi na segunda volta do supermercado,hoje pela manhã, já resignado com minhas imperfeições, que me toquei cantando essa música que na aparência é engraçada, mas contém uma filosofia de vida: as coisas acontecem num tempo. Se você for apressadinho, vai multiplicar esse tempo por dois. Portanto, “a 60 minutos por hora/sem pressa e sem demora”. Grande Walter Franco!
Obs.: para quem não conhece ou não lembra de Walter Franco, ele ficou conhecido na década de 70 com a música “Cabeça”. Ela ganhou um festival internacional da canção, mas destituíram o júri, não reconheceram a música, e quem acabou ganhando o festival foi Jorge Ben Jor com “Fio Maravilha”. Chico Buarque gravou uma música de Walter Franco no disco Sinal Fechado (1974), chamada “Me deixe mudo” (“não me pergunte/não me responda/não me procure/e não se esconda/não diga nada/saiba de tudo/fique calada/me deixe mudo”). Era no tempo da ditadura e Chico Buarque, proibido de gravar suas próprias canções, lançou o disco com composições de outros autores.

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