terça-feira, 1 de junho de 2010

De uruguayos y argentinos

Certa vez, em Florianópolis, a dona de um albergue onde eu me hospedara me dizia que o estabelecimento estava cheio de argentinos, o que colaborava para o aumento dos preços, devido a demanda - naquele tempo o dólar valia muito e nosso pré-real valia nada. Lá, os argentinos se faziam sentir falando alto, tomando conta do lugar com seu estilo barulhento. Um tempo depois perguntei a ela se os uruguaios não visitavam o albergue e ela disse que sim. A temporada deles era em março. Então me veio a pergunta infalível: quem eram melhores clientes, os argentinos ou os uruguaios? Para ela, os argentinos vinham em maior número, dava mais lucro por isso. Mas os uruguaios tinham outro tipo de humor, eram mais educados no sentido de que não extrapolavam no ambiente com falas altas. Eram mais tranquilos.


Uruguaios ou argentinos? Gosto dos dois. Gosto dos argentinos, quando estou em Buenos Aires, seu estilo "explosivo" colabora para fazer da metrópole um charme. Eles tem uma autoestima muito pra cima, se acham bom em tudo. São patriotas. Também são lutadores, quando se trata de reivindicar seus direitos. São politizados. Gosto dos uruguaios, quando estou em Montevidéu, quando vou à fronteira e tenho oportunidade de conversar com eles. Percebo que muitos falam bem português. Não o portuñol, o português. Cometem alguns erros de pronuncia, às vezes misturam um termo nativo na língua, mas desenvolvem bem o discurso. Isso é diferente do portuñol. Os brasileiros falamos, sim, o portuñol. Nos metemos a transformar as palavras terminadas em ão en ón e achamos que estamos falando espanhol. Deveríamos aprender a língua espanhola com mais carinho, estamos cercados de hermanos.

Mas voltando aos uruguaios, gosto deles por serem mais tranquilos em sua forma de tratar. Parece que não têm aquela pressa nervosa dos argentinos. Me identifico mais com os uruguaios, sendo gaúcho. Sempre tive a idéia, desde criança, de que um dia fizemos parte do Uruguai, até que os portugueses nos tomaram ao Brasil. Quarta-feira passada assisti ao programa da Katia Suman na TVCom e tive o prazer de escutar o uruguaio Sebastián Jantos. Música bonita, com toque moderno de folclore pampeano. Cantor do mesmo porte de Jorge Drexler, outro de quem gosto muito. Esse intercâmbio entre Rio Grande e Uruguai/Argentina nos está fazendo muito bem.

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