domingo, 18 de dezembro de 2016

1. Ilíada revisitada

Saber se Homero existiu de fato, e se foi ele que criou IlíadaOdisseia, é um assunto bastante controverso. Homero, se existido, seria um rapsodo, um recitador de poesias épicas  para um público ouvir em diversos lugares por onde passasse. Na tradição grega, imagina-se Homero como um poeta cego.  De qualquer forma, é importante que se diga que Homero não escreveu nem uma obra nem outra. O que os estudos nos mostram, é que as obras escritas apresentam fortes indícios de que os dois  poemas são frutos da tradição oral.Estudos concretos sobre sua existência, não existem. Mostram, por sua vez, que a existência dessa longa tradição oral torna pouco relevante a presença de um grande gênio autoral que cria, a partir de sua própria mente, os grandes poemas. Isso quer dizer que a tradição é muito mais importante do que a criação de um determinado poeta, se é que isso aconteceu. Homero poderia ser a representação de um coletivo de recitadores que transmitiam a poesia cantada pelos diversos pontos da Grécia, durante muito tempo, até ser organizada sobre forma escrita.

Ilíada de Homero, portanto, é um grande poema. Tem uma capacidade narrativa impressionante. As imagens utilizadas para contar os versos, a maneira como são construídos, transmite uma sonoridade impressionante.
O poema, em 24 cantos, narra o que está acontecendo no final da Guerra de Troia, que durou dez anos, por causa do rapto de Helena. Páris, jovem troiano, teve de fazer uma escolha de qual a mais bela entre três divindades, Hera, Atena e Afrodite. Escolheu Afrodite, a deusa do desejo sexual. Páris, então, apaixona-se pela mulher de Menelau e a rapta para Troia.
Homero narra menos de dois meses antes do final da guerra. O motivo do poema é uma briga entre Aquiles e Agamenon, por causa de uma escrava, é o impasse que movimenta a narrativa épica.  Aquiles se recusa a continuar guerreando. Os gregos começam, então, a sofrer baixas. Agamenon tenta se reconciliar com Aquiles sem sucesso. No final, Pátroclo, o melhor amigo de Aquiles, vai lutar disfarçado em herói. Heitor, o troiano, mata Pátroclo. 
Aquiles,  enfurecido com a perda do amigo, entra na guerra e mata Heitor.

A história da Ilíada, resumidamente, é a história da ira de Aquiles. Quando mata Heitor, o herói não se satisfaz com isso, quer aniquilar o cadáver. Em vez de entregar o corpo aos troianos para as honras fúnebres, Aquiles diariamente amarra o cadáver  em sua carroça e faz voltas em torno do túmulo de Pátroclo, tamanho seu ódio. No final, ele cede e entrega o corpo ao pai de Heitor, Príamo, para que seja enterrado.

Ilíada já nos mostra a importância do caráter trágico, da responsabilidade pelas próprias ações, na figura de Aquiles. Ele é cercado de dúvidas: será que o homem já está predestinado?  Agiu corretamente? É culpado pela morte do amigo? Causou a morte do amigo? São questões existenciais importantes na história da humanidade de ontem e de hoje.

A melhor tradução da Ilíada é  do helenista português  Frederico Lourenço, que traduziu o poema em verso livre, o que dá fluência ao texto, facilitando bastante sua compreensão.

Ilíada já foi comentado aqui, centrado no enredo dos versos. Use o mecanismo de busca do blog.
                                               paulinhopoa2003@hotmail.com                                               
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Homero. Ilíada. SP. Penguin Compania, 2013, 720 pp.

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