domingo, 18 de dezembro de 2016

4. Decameron

Giovanni Boccaccio (1313;1375) é um dos grandes expoentes do Renascimento italiano, com Dante e Petrarca.  Decameron, sua obra-prima, tem duas traduções recentes e de bom nível no mercado editorial, diretamente do italiano:a da LPM apresenta o texto integral, com tradução de Ivone C. Benedetti. A Cosac Naify  apresenta dez das cem novelas que Boccaccio escreveu no período em que a Europa havia sido devastada pela peste negra de 1348. A seleção dos textos foi feita pelo professor e tradutor  Maurício Santana Dias, com ilustrações do artista plástico Alex Cerveny. Esta é que será comentada a seguir.

Sete jovens damas se encontram por acaso na igreja de Santa Maria Novella em Florença. Estavam ali em busca de abrigo e proteção divina, até que uma delas propõe às outras uma fuga de Florença para as colinas próximas, ainda preservadas da peste.  Todas concordam com a ideia, e convidam três jovens cavalheiros para acompanhá-las. Os dez, então, acompanhados de sete criados, partem para uma villa senhoril afastada da cidade e ali poderão reconstituir o modo de vida que levavam até o caos instaurado pela doença. 
Em meio ao inferno sombrio de Florença tomada pela peste, abre-se então uma clareira, o paraíso de prazeres idealizado que tornará possível o esquecimento da morte por alguns dias.  As regras do convívio social que haviam sido desorganizadas pela epidemia começam a se reorganizar entre os dez jovens, que de comum acordo estabelecem uma série de rotinas a serem seguidas por todos. Dentre as normas adotadas, a principal  instituía que todos, após a sesta da tarde, se reuniriam próximos a uma fonte, sob a sombra das árvores, para contar histórias até a hora da ceia.

Nas dez novelas do Decameron ficaremos sabendo como um péssimo homem em vida, ao morrer, é tomado por santo; como um homem, fingindo-se de mudo, consegue empregar-se de jardineiro em um convento de freiras e todas querem deitar com ele; como Frei Alberto dá a entender a uma senhora que o anjo Gabriel apaixonou-se por ela e, dessa forma, deita-se várias vezes com a mulher; como um jovem fidalgo ama sem ser amado, gastando toda sua fortuna em cortesias, ficando apenas com um falcão. Recebendo uma visita imprevista da amada e não tendo o que lhe oferecer de almoço, prepara-lhe a ave. Ao saber disso, a mulher toma-o como marido e o torna rico. Há outras histórias mais, todas de leitura divertida e deliciosa.

Maurício Santana Dias nos explica que buscou montar, na seleção das dez novelas do volume, um microcosmo que pudesse em alguma medida oferecer ao leitor uma visão macroscópica do Decameron. Equilibrou temas e registros que vã dos mais popularesco ao mais aristocrático, evitando cair no vício de muitas antologias que insistem em compilar as novelas mais erótica ou escabrosas de Boccaccio, que acabam alimentando uma percepção redutora do universo boccacciano.

                          paulinhopoa2003@yahoo.com.br

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