domingo, 18 de dezembro de 2016

25. Lorde Jim

O polonês Joseph Conrad (1857/1924) nasceu numa região que, na época, era disputada pela Polônia, Rússia e o Império Austro-Húngaro. Em casa, falava polonês, na escola, o russo. Em sua juventude, talvez para fugir do serviço militar russo, foge e começa a trabalhar em navios mercantes, vivendo um bom tempo em Marselha, aprendendo o francês, passando a ler a literatura francesa, especialmente Flaubert, de quem era admirador. Entra em contato com a língua inglesa, através de sua literatura, e passa a viver em Londres, onde é recebido de braços abertos. Começa, assim,  a escrever suas estórias em inglês, sendo considerado um dos escritores mais significativos da literatura inglesa. Conrad, que escreveu a maior parte de seus livros, tendo o mar como cenário, não é apenas um escritor de aventuras marítimas para o entretenimento, suas personagens têm a alma em profundidade. Seus melhores livros são: Coração das trevas (já comentado aqui), Lorde Jim e Nostromo.
Lorde Jim é narrado por Marlow, personagem recorrente na obra de 

Conrad, contando a história de Jim, um vendedor marítimo. Sua característica essencial era a esperteza. Seu trabalho consistia em abordar os capitães dos navios que ancoravam no porto e levá-los para um armazém cheio de coisas boas de comer e beber a bordo, além de todos os acessórios necessários à embarcação. Jim tinha para com seus clientes um devotamento sublime. Tinha a vantagem de ser possuidor de uma educação de marinheiro. No porto, todos os conheciam por Jim, e nada mais. Tinha outro nome, mas procurava ocultá-lo, para esconder um fato que teve grande repercussão em sua vida. Quando acontecia de alguém descobrir seu passado, buscava fugir o mais rapidamente dali e procurar outros portos para trabalhar.  Era um marinheiro exilado do mar. Como esse fato o perseguia, havia sido visto nos lugares mais distantes e exóticos do mundo. Mais tarde, quando se viu escorraçado para sempre dos portos e da sociedade dos brancos, passou a viver entre os malaios da aldeia que escolhera na selva para aí esconder sua deplorável sensibilidade. Entre os nativos, ganhou uma palavra a seu nome: chamavam-lhe Lorde Jim.
Quem nos conta boa parte da história é Marlow, que encontra Jim no tribunal, julgado por abandonar o navio em que trabalhava, quando afundava com grande número de muçulmanos, fugindo num bote com o capitão e mais dois marujos. Aconteceu que o navio não afundara e dos quatro que abandonaram a tripulação à deriva, apenas Jim permaneceu para ser julgado. Condenado, é proibido de exercer o serviço de marinheiro no mar. Com a ajuda de Marlow, consegue uma série de empregos que acaba abandonando, quando é descoberto pelo que fez. O problema de Jim, é que ele acredita que é possível começar do zero e refazer sua vida, mas não consegue agir diante de seu passado, que acaba aniquilando-o aos poucos. As aventuras de Jim, fugindo de seu passado,impõem-lhe, com crueldade,  quebrar, destruir, aniquilar tudo o que vê, conhece, ama ou odeia, no afã de querer varrer para sempre de sua vida, a tragédia moral que vivera. O desconforto causado pela indefinição, pelo autoboicote e pela dificuldade de assumir um erro, provoca- lhe apreensão, medo e angústia.
A tradução que li é de Mário Quintana. Há uma tradução de Julieta Cupertino, que vem se dedicando a traduzir as obras de Conrad para o português, pela Editora Revan.

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CONRAD, Joseph. Lorde Jim. Tradução QUINTANA, Mário. São Paulo: Abril Cultural, 1982. Esta edição você encontra nos sebos virtuais, valendo de 3 a 30 reais.

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