domingo, 18 de dezembro de 2016

19. Père Goriot

Jean-Joachim Goriot era, antes da Revolução, um simples operário macarroneiro, hábil, econômico e empreendedor o bastante para ter comprado o patrimônio de seu patrão, que o acaso tornou vítima do primeiro levante de 1789. Estabelecera-se na zona nobre parisiense e tivera o enorme bom senso de aceitar a presidência de seu departamento, a fim de ter seu negócio protegido pelos mais influentes personagens daquela época perigosa.

Tal sensatez fora a origem de sua fortuna que começou na escassez, verdadeira ou falsa, em consequência da qual os grãos atingiram um preço enorme em Paris. o povo se matava diante das padarias, enquanto algumas pessoas iam buscar sem reclamar massas italianas nos armazéns. Durante aquele ano, Goriot reuniu o capital que mais tarde lhe serviu para fazer seus negócios com toda a superioridade que dá uma grande soma em dinheiro àquele que a possui. Aconteceu com ele o que acontece a todos os homens que só possuem uma aptidão relativa. Sua mediocridade salvou-o. Aliás, sua fortuna só se tendo tornado conhecida no momento em que não mais havia perigo em ser rico, ele não despertou qualquer inveja. O comércio de grãos parecia ter absorvido toda sua inteligência.Mas o destino será cruel com Pai Goriot.(*)

Balzac articula uma narrativa  fornecendo todos os conflitos psicológicos e tensões sociais, para mostrar a Paris de sua época. O romance começa com a descrição da  Casa Vauquer, uma pensão parisiense vagabunda, onde vivia Pai Goriot, já na miséria. Diversos moradores ali convivem, entre eles o estudante de Direito Eugène  de Rastignac e um misterioso agitador chamado Vautrin. O velho Goriot  é alvo da chacota de todos os moradores da pensão, que descobrem que ele empobreceu para sustentar suas duas filhas bem casadas.  Ele as amava de paixão, mas elas o detestavam, pela profissão que o pai tivera. Imaginava que as duas filhas o amavam, que os genros é que se conduziam mal em relação a ele. Para evitar desentendimentos com os maridos, acreditava que as filhas queriam vê-lo em segredo.

Rastignac, vindo de família humilde, fica deslumbrado com a vida parisiense e logo em seguida abandona os estudos para tentar penetrar na alta sociedade. Convidado a um baile na corte, tenta se aproximar de  Anastasie de Restaud, mas é frustrado pelo fosso cultural e sobretudo financeiro que o separa da dama, de seu marido e de seu amante. Humilhado, pede à prima que o ajude a se envolver nos mistérios da alta sociedade. É quando descobre que Anastasie é filha de Pai Goriot.

O misterioso Vautrin, também o ajuda, revelando o funcionamento da sociedade e os meios de se tornar poderoso. Quer que este faça fortuna e insiste que se case com a srta. Taillefer, de cujo irmão trama a morte num duelo para que ela receba a fortuna do pai. Rastignac se recusa a compactuar com esse ato criminoso. Envolve-se numa relação amorosa com Delfina, a outra filha de Goriot. Uma investigação revela que Vautrin é um antigo forçado, que acaba sendo capturado na pensão pelos agentes da polícia.

O Pai Goriot, que planejava deixar a pensão com Rastignac para morar junto com a filha Delfina, morre ao descobrir brutalmente a situação familiar e financeira catastrófica das filhas.Rastignac assiste ao enterro do velho. As filhas sequer foram ao cemitério. Dominado pela paixão do poder e dinheiro,  se lança à conquista de Paris.Rastignac é figura recorrente em outros romances dA Comédia Humana de Balzac.

Tradução de Celina Portocarrero e Ilana Heineberg

                                           paulinhopoa2003@hotmail.com
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O Pai Goriot. Porto Alegre, LPM, 2006, 304 pp. 23 reais

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